8 de maio de 2016

Interpretação de Soneto – Cláudio Manuel da Costa


Soneto LXXII

Já rompe, Nise, a matutina aurora
O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura,
Tinha escondido a chama brilhadora.

Que alegre, que suave, que sonora,
Aquela fontezinha aqui murmura!
E nestes campos cheios de verdura
Que avultado o prazer tanto melhora!

Só minha alma em fatal melancolia,
Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda, que coisa é alegria;

E a suavidade do prazer trocada,
Tanto mais aborrece a luz do dia,
Quanto a sombra da noite lhe agrada.

(1768)
COSTA, Cláudio Manuel. Obras. In: Os melhores sonetos. Seleção de Francisco Iglésias. São Paulo: Global, 2000, p.101.
1. A quem se dirige o poeta?

2. Nas duas primeiras estrofes, descreve a natureza que o cerca:

> quais elementos são mencionados?
> em que tom são apresentados?

3. Nas duas últimas estrofes, o eu poético apresenta seu estado de espírito.

> Há uma diferença marcante entre o tom da descrição do ambiente e o tom com que o eu poético se refere a seu estado de espírito. Qual?
> Por que diz, na terceira estrofe, “Só minha alma.../ Não sabe inda, que coisa é alegria”?
> Que consequência essa situação tem para o eu poético? 

GABARITO:

1. Dirige-se a Nise.

2.
> o amanhecer, a fonte de água e os campos verdes;
> num tom positivo, prazeroso.

3.
> não mais a beleza e o prazer do ambiente, mas a melancolia e a tristeza;
> pelo fato de não poder ver a amada;
> a luz do dia o aborrece e a sombra da noite lhe agrada.