30 de setembro de 2016

Exercício sobre Romantismo (Casimiro de Abreu)

A fuga para a infância é um dos temas recorrentes do Romantismo. Leia, a seguir, a primeira parte do poema "No lar", de Casimiro de Abreu. 


ATIVIDADE PRONTA PARA BAIXAR E SALVAR
No lar 
Terra da minha pátria, abre-me o seio 
Na morte - ao menos 
Garrett

I
Longe da pátria, sob um céu diverso 
Onde o sol como aqui tanto não arde, 
Chorei saudades do meu lar querido 
— Ave sem ninho que suspira à tarde. —

No mar — de noite — solitário e triste 
Fitando os lumes que no céu tremiam, 
Ávido e louco nos meus sonhos d'alma 
Folguei nos campos que meus olhos viam. 

Era pátria e família e vida e tudo, 
Glória, amores, mocidade e crença, 
E, todo em choros, vim beijar as praias 
Por que chorara nessa longa ausência. 

Eis-me na pátria, no país das flores, 
— O filho pródigo a seus lares volve, 
E concertando as suas vestes rotas, 
O seu passado com prazer revolve! —

Eis meu lar, minha casa, meus amores, 
A terra onde nasci, meu teto amigo, 
A gruta, a sombra, a solidão, o rio 
Onde o amor me nasceu — cresceu comigo. 

Os mesmos campos que eu deixei criança, 
Árvores novas... tanta flor no prado! ... 
Oh! como és linda, minha terra d'alma, 
— Noiva enfeitada para o seu noivado! —

Foi aqui, foi ali, além... mais longe, 
Que eu sentei-me a chorar no fim do dia; 
— Lá vejo o atalho que vai dar na várzea... 
Lá o barranco por onde eu subia!... 

Acho agora mais seca a cachoeira 
Onde banhei-me no infantil cansaço... 
— Como está velho o laranjal tamanho 
Onde eu caçava o sanhaçu a laço!... 

Como eu me lembro dos meus dias puros! 
Nada m'esquece! ... e esquecer quem há-de? ... 
— Cada pedra que eu palpo, ou tronco, ou folha, 
Fala-me ainda dessa doce idade! 

Eu me remoço recordando a infância, 
E tanto a vida me palpita agora 
Que eu dera oh! Deus! a mocidade inteira 
Por um só dia do viver d'outrora!

E a casa? ... as salas, estes móveis... tudo, 
O crucifixo pendurado ao muro... 
O quarto do oratório... a sala grande 
Onde eu temia penetrar no escuro! ... 

E ali... naquele canto... o berço amado! 
E minha mana, tão gentil, dormindo! 
E mamãe a contar-me histórias lindas 
Quando eu chorava e a beijava rindo! 

Oh! primavera! oh! minha mãe querida! 
Oh! mana!  — anjinho que eu amei com ânsia — 
Vinde ver-me, em soluços — de joelhos —
Beijando em choros este pó da infância! 

ABREU, Casimiro de. Poesia. 4. ed Rio de janeiro: Agir, 1974. p. 30-32.

29 de setembro de 2016

Exercícios sobre paralelismo


1.  Leia o texto.

Por que o mar Morto tem esse nome? 
ANDRÉ LUIZ, POR E-MAIL, E RAPHAEL JOSÉ DIVINO ARAÚJO, ITURAMA, MG 

Porque o excesso de sal nas suas águas torna a vida praticamente impossível por ali. 
Com exceção da bactéria Haloarcula marismortui, que consegue filtrar os sais e sobreviver nesse cemitério marítimo, todos os organismos que chegam ao mar Morto morrem rapidamente. Outra característica curiosa é que ninguém consegue afundar nas suas águas, graças novamente à alta concentração salina, que o torna muito mais denso do que o corpo humano. Os oceanos têm uma média de 35 gramas de sal por litro de água, enquanto o mar Morto tem quase 300 gramas. Isso se deve basicamente a sua localização - na divisa entre Israel e Jordânia. A região é quente e seca, o que acelera a evaporação e impede a reposição da água pela chuva - em um ano chove tanto quanto um dia chuvoso em São Paulo. Além disso, o mar Morto é o local mais baixo do planeta: alguns pontos ficam a mais de 400 metros abaixo do nível dos oceanos. Isso significa que grande parte das partículas que se soltam dos terrenos a sua volta escoa em sua direção. Para piorar, o rio Jordão, que ajuda a alimentá-lo, foi desviado em várias partes para irrigar plantações. Ou seja, com o perdão do trocadilho, o mar Morto está morrendo. O diretor do Instituto Geológico Israelense, Amos Bein, garante que ele não corre risco de secar completamente, mas, por via das dúvidas, já está em fase de planejamento o "Canal da Paz", um aqueduto de mais de 80 quilômetros que puxaria água do mar Vermelho para salvar esse "defunto". 

ARTUR LOUBACK LOPES (Mundo Estranho, nº42)

O texto apresenta paralelismo em dois trechos. No trecho "Os oceanos têm uma média de 35 gramas de sal por litro de água, enquanto o mar Morto tem quase 300 gramas", a expressão enquanto aproxima ideias opostas ou divergentes. No trecho "em um ano chove tanto quanto um dia chuvoso em São Paulo", a expressão tanto quanto dá ideia de comparação. 
Reescreva as frases que seguem, criando paralelismos por meio do uso de expressões como enquanto, ao passo que, por um lado...por outro, tanto...quanto, seja...seja, quer... quer, nem... nem, ou...ou, ou outros.

28 de setembro de 2016

Função referencial da linguagem no Enem

(ENEM) 

É água que não acaba mais 

Dados preliminares divulgados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontaram o Aquífero Alter do Chão como o maior depósito de água potável do planeta. Com volume estimado em 86000 quilômetros cúbicos de água doce, a reserva subterrânea está localizada sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. "Essa quantidade de água seria suficiente para abastecer a população mundial durante 500 anos", diz Milton Matta, geólogo da UFPA. Em termos comparativos, Alter do Chão tem quase o dobro do volume de água do Aquífero Guarani (com 45000 quilômetros cúbicos). Até então, Guarani era a maior reserva subterrânea do mundo, distribuída por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. 

Época. n9 623. 26 abr. 2010. 

Essa notícia, publicada em uma revista de grande circulação apresenta resultados de uma pesquisa científica realizada por uma universidade brasileira. Nessa situação específica de comunicação, a função referencial da linguagem predomina, porque o autor do texto prioriza: 

a) as suas opiniões, baseadas em fatos. 
b) os aspectos objetivos e precisos. 
c) os elementos de persuasão do leitor. 
d) os elementos estéticos na construção do texto. 
e) os aspectos subjetivos da mencionada pesquisa. 



GABARITO
Alternativa b

27 de setembro de 2016

Questões sobre Memórias de um Sargento de Milícias


1 - (FUVEST 2013) Os momentos históricos em que se desenvolvem os enredos de Viagens na minha terra, Memórias de um sargento de milícias e Memórias póstumas de Brás Cubas (quanto a este último, em particular no que se refere à primeira juventude do narrador) são, todos, determinados de modo decisivo por um antecedente histórico comum — menos ou mais imediato, conforme o caso. Trata-se da:

a) invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas.
b) turbulência social causada pelas revoltas regenciais.
c) volta de D. Pedro I a Portugal.
d) proclamação da independência do Brasil.
e) antecipação da maioridade de D. Pedro II.

2 - (FUVEST 2013) Em Viagens na minha terra, assim como em:

a) Memórias de um sargento de milícias, embora se situem ambas as obras no Romantismo, criticam-se os exageros de idealização e de expressão que ocorrem nessa escola literária.
b) A cidade e as serras, a preferência pelo mundo rural português tem como contraponto a ojeriza às cidades estrangeiras — Paris, em particular.
c) Vidas secas, os discursos dos intelectuais são vistos como “a prosa vil da nação”, ao passo que a sabedoria popular “procede da síntese transcendente, superior e inspirada pelas grandes e eternas verdades”.
d) Memórias póstumas de Brás Cubas, a prática da divagação e da digressão exerce sobre todos os valores uma ação dissolvente, que culmina, em ambos os casos, em puro niilismo.
e) O cortiço, manifestam-se, respectivamente, tanto o antibrasileirismo do escritor português quanto o antilusitanismo do seu par brasileiro, assim como o absolutismo do primeiro e o liberalismo do segundo.

3 - (UFPR 2009) Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, tem merecido atenção dos críticos literários há bem mais de um século. Identifique, entre os trechos de críticas literárias a seguir, quais se referem a essa obra.

1. Essa obra é, dos seus primeiros livros, o que mais possui o ar de modernidade a que se referiu Barreto Filho, “deslocando o interesse do acontecimento objetivo para o estudo dos caracteres”, na linha portanto do romance psicológico a que se entregaria definitivamente, rompendo com a tendência ao romanesco tão em voga. (Adaptado de: COUTINHO, Afrânio. Estudo Crítico. p. 26.)
2. Essa obra difere da maioria dos romances românticos, pois apresenta uma série de procedimentos que fogem ao padrão da prosa romântica. O protagonista não é herói nem vilão, mas um malandro simpático que leva uma vida de pessoa comum; não há idealização da mulher, da natureza ou do amor, sendo reais as situações retratadas; a linguagem se aproxima da jornalística, deixando de lado a excessiva metaforização que caracteriza a prosa romântica. (Adaptado de: CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens, vol II, p. 182.)
3. [...] o distanciamento cronológico dessa obra é de poucos anos, o que autoriza classificá-la antes de novela de memórias que histórica. Donde o argumento, que o escritor ouviu de um colega do “Correio Mercantil”, de ostentar características de documento de uma fase histórica do Rio de Janeiro, porventura ainda vigente na altura em que a narrativa foi elaborada. Desse teor documental nasce o realismo que perpassa [...] toda a obra: um realismo instintivo, quase de reportagem social, a que faltam apenas arquitraves científicas para se transformar no Realismo ortodoxo da segunda metade do século XIX. (Adaptado de: MOISÉS, Massaud, A literatura brasileira através dos textos. p. 173.)
4. É supérfluo encarecer o valor documental da obra. A crítica sociológica já o fez com a devida minúcia. Essa obra nos dá, na verdade, um corte sincrônico da vida familiar brasileira nos meios urbanos em uma fase em que já se esboçava uma estrutura não mais puramente colonial, mas ainda longe do quadro industrial-burguês. E, como o autor conviveu de fato com o povo, o espelhamento foi distorcido apenas pelo ângulo da comicidade. Que é, de longa data, o viés pelo qual o artista vê o típico, e sobretudo o típico popular. (Adaptado de: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. p. 134.)

Atividade de intertextualidade para ensino médio


O texto a seguir corresponde a um trecho da letra da canção do grupo O Rappa. Perceba como o texto retoma o poema de Castro Alves (O Navio Negreiro) e amplia seus sentidos no Brasil contemporâneo. 

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro 

Tudo começou quando a gente conversava
naquela esquina ali
de frente àquela praça
veio os homens
e nos pararam
documento por favor
então a gente apresentou
mas não paravam
qual é negão? Qual é negão?
o que que tá pegando?
qual é negão? Qual é negão?

é mole de ver
que em qualquer dura
o tempo passa mais lento pro negão
quem segurava com força a chibata
agora usa farda
engatilha a macaca
escolhe sempre o primeiro
negro pra passar na revista
pra passar na revista

[...]

YUKA, Marcelo. Todo camburão tem um pouco de navio negreiro. In: O RAPPA. Instinto coletivo. [S.1.]: Warner Music, 2001. 1 CD. Faixa 4. Fragmento.

Artigo de opinião 8ºano - A mania nacional da transgressão leve


A mania nacional da transgressão leve 
Michael Kepp 

**Gabarito no final**

Pequenos delitos são transgressões leves que passam impunes e, no Brasil, estão tão institucionalizados que os transgressores nem têm ideia de que estão fazendo algo errado. Ou então acham esses "miniabusos" irresistíveis, apesar de causarem "minidanos" e/ou levarem a delitos maiores. Esses maus exemplos são também contagiosos. E, em uma sociedade na qual proliferam, ser um cidadão-modelo exige que se reme contra uma poderosa maré ou que se beire a santidade. 
Alguns pequenos delitos - fazer barulho em casa a ponto de incomodar os vizinhos ou usar as calçadas como depósito de lixo e de cocô de cachorro - diminuem a qualidade de vida em pequenas, as significativas, doses. Eles ilustram a frase do escritor Millôr Fernandes: "Nossa liberdade começa onde podemos impedir a dos outros". 
No ano passado, o grupo de adolescentes que furou a enorme fila para assistir ao show gratuito de Naná Vasconcelos, na qual eu e outros esperávamos por horas, impediu nossa liberdade. Os jovens receberam os ingressos gratuitos que, embora devessem ser nossos, se esgotaram antes de chegarmos à bilheteria. 
A frase de Millôr também cai como uma luva para o casal que recentemente pediu a um amigo - na minha frente, na fila de bebidas, no intervalo de uma peça - que comprasse comes e bebes para ambos. O fura-fila indireto me irritou não só porque demorou mais para me atenderem, mas também porque o segundo ato estava prestes a começar. Qual é a diferença deles para os motoristas que me ultrapassam pelo acostamento nas estradas e depois furam a fila, atrasando minha viagem? E que dizer daqueles motoristas que costuram atrás das ambulâncias? 
Outros pequenos delitos causam danos porque representam uma pequena parte da reação em cadeia que corrói o tecido social. Os brasileiros que contribuem para a rede de consumo de drogas não são apenas os que as compram, mas até os que as consomem de vez em quando em festas. Uma simples tragada liga você, mesmo que de modo ínfimo, ao traficante e à bala perdida, mas atos aparentemente tão inócuos e difíceis de condenar nos forçam a pensar no que constitui um pequeno delito. 
Por exemplo, que dano social pode ser causado pelo roubo de "lembrancinhas" - de toalhas e cinzeiros de hotel a cobertores de companhias aéreas? Bem, os hotéis e companhias aéreas compensam os custos de substituir esses objetos aumentando levemente o preço. Os varejistas fazem o mesmo para compensar as perdas com pequenos furtos. 
Outros pequenos delitos são mais fáceis de classificar, mas igualmente tentadores de cometer. Veja o caso da pessoa que não diz ao caixa que recebeu por engano uma nota de R$ 50 em vez da correta nota de R$10. Ou do garoto que obedece ao trocador, passa por baixo da roleta e lhe passa uma nota de R$ 1 em vez de pagar à empresa de ônibus R$ 1,60. Esse suborno não é igual a pagar à polícia uma propina para se safar? Essas caixinhas não seriam também crias do famoso caixa dois, que já virou uma instituição? 
Um dos meus vizinhos disse que alguns desses pequenos delitos, como vários tipos de caixa dois, são fruto da necessidade. Ele escreve, embora não assine, monografias para que universitários preguiçosos/ocupados terminem seus cursos. É assim que põe comida na mesa. Apesar de defender sua atividade antiética dizendo que "a fome também é antiética", ele bem que poderia perder 20 quilos. 
Outro vizinho vendeu sua cobertura no Rio com uma vista espetacular da floresta da Tijuca porque descobriu que, no prazo de um ano, um arranha-céu seria construído, acabando com a vista e desvalorizando o imóvel em R$ 50 mil. Ele disse isso aos compradores? Não. E eu também não considero esse delito tão pequeno diante do valor do prejuízo. 
Apesar de os delitos pequenos estarem institucionalizados demais para notar ou serem tentadores demais para resistir, dizer "não" a eles beneficia a sociedade como um todo. E um "não" vigoroso o bastante pode alertar os distraídos e os fracos de espirito para que, em uma sociedade que se guia pela "lei de Gerson", nossa bússola moral possa nos apontar o caminho. 

KEPP, Michael. Folha de S.Paulo. São Paulo. 26 ago. 2004. Folha Equilíbrio. p. 9.

26 de setembro de 2016

Interpretação da Carta de Pero Vaz de Caminha


ATIVIDADE PRONTA EM PDF PARA BAIXAR E SALVAR
Carta de Pero Vaz de Caminha
Pero Vaz de Caminha


[...]
E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra [...]. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos. 
Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chá, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz! 
Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças. [...]. Ali ficamo-nos toda aquela noite. E quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra, indo os navios pequenos diante - por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, doze, nove braças - até meia légua da terra, onde todos lançamos âncoras, em frente da boca de um rio. [...]. 
E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro. 
Então lançamos fora os batéis e esquifes. E logo vieram todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor. E ali falaram. E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que, quando o batel chegou a boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte. 
[...] E sexta pela manhã, as oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar âncoras e fazer vela. [...]
E velejando nós pela costa, na distância de dez léguas do sítio onde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e amainaram. E as naus foram-se chegando, atrás deles. [...] 
E estando Monso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, [...] meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas [...] Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa. 
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber. 
Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como de cera, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar. 
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem-vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam- e tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! 
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. 
Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. 
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. 
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitas, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. 
[...] 

BRASIL: Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/carta_caminha.htm>

24 de setembro de 2016

Interpretação do poema Catar Feijão (9º ano)


CATAR FEIJÃO
A Alexandre O'Neill 

Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão, entra um risco:
o de entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.

MELO NETO, João Cabral de. A educação pela pedra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p. 16-17.

Atividade para trabalhar sinônimos com tirinha

Interpretação de texto - tirinha Mafalda - meio ambiente

Leia a tira e responda às questões.


Crônica reflexiva de Luis Fernando Verissimo (Tecnologia)


Para começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré-eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz "Errado". Não diz "Burro", mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz "bip", Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: "Bip!" "Olha aqui, pessoal: ele errou." "O burro errou!". 
Outra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria "bip" em público. 
Dito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. 
Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá-lo, precavidamente, mas juro que é sincero. 
Quando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha. 

VERISSIMO, Luis Fernando. Pai não entende nada. Porto Alegre: L&PM, 1990. p. 58-60. © by Luis Fernando Verissimo.

21 de setembro de 2016

Substantivação de orações substantivas (exercícios)


Substantivação de orações substantivas 

Para evitar que se repitam as mesmas estruturas sintáticas ao longo de um texto, é interessante conhecer alternativas que permitam apresentar a mesma ideia por meio de formulações diferentes. Esse é o caso das orações subordinadas substantivas, que muitas vezes podem ser substituídas por substantivos cognatos (de mesma raiz etimológica) ao verbo ou outra palavra da oração.

Elabore os períodos de modo a substituir a oração subordinada substantiva por um substantivo cognato às palavras destacadas. Faça as adaptações necessárias. 

a) O inaceitável é que se recuse o auxílio de especialistas. 
b) É ruim que fatos sejam apurados de forma superficial
c) Julga-se importante que candidatos de baixa renda ingressem na faculdade. 
d) Atualmente se defende que sejam suprimidos da Constituição vários artigos. 
e) Não é admissível que se confisquem bens sem o respaldo da lei. 
f) O indispensável é que o equilíbrio das finanças públicas seja recomposto rapidamente. 
g) O fabricante recomenda que se reponham as peças danificadas. 
h) Espera-se que se cumpram as metas de crescimento econômico. 
i) É usual que se estabeleçam prazos para o pagamento de dividas. 
j) Em alguns casos, a lei deve garantir que os interesses privados se sujeitem aos interesses coletivos. 

GABARITO

a) O inaceitável é a recusa do auxílio de especialistas. 
b) É ruim a superficialidade na apuração dos fatos. 
c) Julga-se importante o ingresso na faculdade de candidatos de baixa renda. 
d) Atualmente se defende a supressão de vários artigos da Constituição. 
e) Não é admissível o confisco de bens sem o respaldo da lei.
f) O indispensável é a rápida recomposição do equilíbrio das finanças públicas.
g) O fabricante recomenda a reposição das peças danificadas. 
h) Espera-se o cumprimento das metas de crescimento econômico. 
i) É usual o estabelecimento de prazos para o pagamento de dívidas. 
j) Em alguns casos, a lei deve garantir a sujeição dos interesses privados aos interesses coletivos.

Questões sobre verbos (Unicamp)



(Unicamp/2010 - adaptado) 
Leia o texto: 

Como escrever 
"Olho vivo para não maltratar o português. Preste atenção ao enunciado. Se fugir do tema, copiar o texto apresentado ou fazer uma narração (relato de uma história) onde é pedida uma dissertação (defesa de uma ideia), a redação será anulada." 

Apesar de recomendar cuidado no uso do português, há no texto um erro gramatical de acordo com a norma padrão. 

a) Corrija a passagem em que há esse erro. 
b) Há uma explicação para ocorrências desse tipo. Qual é? 
c) Identifique no trecho a seguir um equívoco na conjugação do verbo "manter": Faça a revisão. 

"A maçã é uma fruta essencial na cozinha, e não é só para comer! Por exemplo, se você manter uma maçã picada dentro do pote de biscoitos, eles não vão ressecar..." 

(Revista Quem Acontece. Rio de Janeiro: Globo, 7 jan. 2005. Coluna Você Sabia. p. 90.) 


Gabarito:

a) [...] Se fugir do tema, copiar o texto apresentado ou fizer uma narração [...]" 
b) Foi usado o infinitivo, e não o futuro do subjuntivo, por analogia com os verbos regulares (maltratar, fugir, copiar), que apresentam a mesma forma para o futuro do subjuntivo e do infinitivo. 
c) A revisão deve ser feita em: "[...] Por exemplo, se você mantiver uma maçã picada [...]" .

O meu olhar é nítido como um girassol (análise)


O meu olhar é nítido como um girassol 

O meu olhar é nítido como um girassol. 
Tenho o costume de andar pelas estradas 
Olhando para a direita e para a esquerda, 
E de vez em quando olhando para trás... 
E o que vejo a cada momento 
É aquilo que nunca antes eu tinha visto, 
E eu sei dar por isso muito bem... 
Sei ter o pasmo comigo 
Que tem uma criança se, ao nascer, 
Reparasse que nascera deveras... 
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a eterna novidade do mundo... 

Creio no mundo como num malmequer, 
Porque o vejo. Mas não penso nele 
Porque pensar é não compreender... 

O Mundo não se fez para pensarmos nele 
(Pensar é estar doente dos olhos) 
Mas para olharmos para ele e estarmos de 
acordo.  
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... 
Se falo na Natureza não é porque saiba o que 
ela é, 
Mas porque a amo, e amo-a por isso, 
Porque quem ama nunca sabe o que ama 
Nem sabe por que ama, nem o que é amar... 
Amar é a eterna inocência, 
E a única inocência não pensar... 

CAEIRO, Alberto. O meu olhar é nítido como  um girassol. In: PESSOA, Fernando. PoesiaAlberto Caeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 26. 

1. Identifique a temática desenvolvida no poema. 

2. Relacione essa temática à poesia de Alberto Caeiro. 

3. Explique o sentido de "pasmo", presente no verso "Sei ter o pasmo comigo". 

4. Interprete o verso" pensar é estar doente dos olhos", considerando o contexto do poema. 

5. Aponte duas características marcantes da escrita de Alberto Caeiro e identifique-as no poema. 


Gabarito

1. O poema desenvolve a ideia de que os olhos são os órgãos responsáveis pela apreensão direta e sensível do mundo, a qual deve basear-se principalmente no empirismo, ou seja, na experiência e na observação. 

2. O poema apresenta a temática característica de Alberto Caeiro, que, segundo a biografia criada por Fernando Pessoa, teve apenas instrução primária e viveu sempre muito próximo à natureza. O poema, relacionado ao universo bucólico, apresenta uma lógica bastante objetiva e mediada pelas sensações. 

3. "Pasmo" pode ser compreendido como a admiração e o encantamento decorrentes da incessante descoberta da novidade do mundo. Trata-se de uma abstração, relacionada à ideia de Caeiro de que o mundo se renova a cada novo olhar lançado sobre ele. 

4. O verso condensa a perspectiva de Caeiro sobre a vida, pautada pela eterna descoberta do mundo. Em sua perspectiva, a relação com a vida deve ser simples e prescindir de racionalização. Daí a ideia de que os olhos são os órgãos responsáveis pela apreensão direta do mundo. 

5. As características são o bucolismo, presente em versos como" O meu olhar é nítido como um girassol" e "Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, / Mas porque a amo, e amo-a por isso", e o empirismo, presente em "Eu não tenho filosofia; tenho sentidos... ".

Interpretação do poema Mar portuguez


O poema transcrito a seguir, intitulado "Mar portuguez", faz parte da obra Mensagem, de Fernando Pessoa. Nele, o poeta focaliza o esforço empreendido pelos portugueses nas grandes navegações. Leia-o para responder às questões propostas. 

Mar portuguez 
Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lagrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão resaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abysmo deu, 
Mas nelle é que espelhou o céu. 

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1990. p.82

Atividade com tirinha sobre internet - (7ºano) Informação segura



1. O que é Google? Para que serve? Você já o utilizou? Para quê?

2. Você concorda com a avó de Alcides quando diz que tudo na internet é mentira? Justifique. 

3. O que é NASA? Você confiaria em informações dadas pela NASA? Por quê? 

4. De acordo com o menino do quadrinho 2, o que é necessário para garantir informações verdadeiras na internet? 

5. Essa tirinha foi feita por uma instituição de Portugal. Você percebeu alguma diferença na forma de as personagens falarem? Qual? 

Vamos pensar 

* De que forma a internet faz parte da vida dos adolescentes e da maioria da população brasileira? E dos alunos da sua escola? 
* Existem perigos ao navegar pela internet? É preciso tomar algum cuidado? Se sim, quais cuidados? 

Artigo de opinião sobre PRECONCEITO - Lya Luft (com gabarito)


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O texto a seguir foi publicado em uma revista semanal de grande circulação. 
A autora é a escritora, tradutora e professora aposentada Lya Luft. Nascida em Santa Cruz do Sul (RS), em uma família de origem germânica, tem uma obra que inclui livros de poemas, contos, crônicas e romances. 
Neste artigo de opinião, Lya Luft propõe uma reflexão sobre as origens do preconceito e suas consequências para a vida em sociedade. O título do texto sugere uma associação entre medo e preconceito. 

Medo e preconceito 

O tema é espinhoso. Todos somos por ele atingidos de uma forma ou de outra, como autores ou como objetos dele. O preconceito nasce do medo, sua raiz cultural, psíquica, antropológica está nos tempos mais primitivos - por isso é uma postura primitiva -, em que todo diferente era um provável inimigo. Precisávamos atacar antes que ele nos destruísse. Assim, se de um lado aniquilava, de outro esse medo nos protegia - a perpetuação da espécie era o impulso primeiro. 
Hoje, quando de trogloditas  passamos a ditos civilizados, o medo se revela no preconceito e continua atacando, mas não para nossa sobrevivência natural; para expressar nossa inferioridade assustada, vestida de arrogância. Que mata sob muitas formas, em guerras frequentes, por questões de raça, crença e outras, e na agressão a pessoas vitimadas pela calúnia, injustiça, isolamento e desonra. Às vezes, por um gesto fatal. 
Que medo é esse que nos mostra tão destrutivos? Talvez a ideia de que "ele é diferente, pode me ameaçar", estimulada pela "inata maldade do nosso lado de sombra (ele existe, sim). 
Nossa agressividade de animais predadores se oculta sob uma camada de civilização, mas está à espreita - e explode num insulto, na perseguição a um adversário que enxovalhamos porque não podemos vencê-lo com honra, ou numa bala nada perdida. Nessa guerra ou guerrilha usamos muitas armas: uma delas, poderosa e sutil, é a palavra. 
Paradoxais são as palavras, que podem ser carícias ou punhais. Minha profissão lida com elas, que desde sempre me encantam e me assombram houve um tempo, recente, em que não podíamos usar a palavra "negro" Tinha de ser "afrodescendente", ou cometíamos um crime. Ora, ao mesmo tempo havia uma banda Raça Negra, congressos de Negritude...e afinal descobrimos que, em lugar de evitar a palavra, podíamos honrá-la. 
Lembremos que termos usados para agredir também podem ser expressões de afeto. "Meu nego", "minha neguinha", podem chamar uma pessoa amada, ainda que loura. "Gordo", tanto usado para bullying, frequentemente é o apelido carinhoso de um amigo, que assim vai assinar bilhetes a pessoas queridas. Ao mesmo tempo, palavras como "judeu, turco, alemão" carregam, mais do que ignorância, um odioso preconceito. 
De momento está em evidência a agressão racial em campos esportivos: "negro", "macaco" e outros termos, usados como chibata  para massacrar alguém, revelam nosso lado pior, que em outras circunstâncias gostaríamos de disfarçar - a grosseria, e a nossa própria inferioridade. Nesses casos, como em agressões devidas à orientação sexual, a atitude é crime, e precisamos da lei. 
No país da impunidade, necessitamos de punição imediata, severa e radical. Me perdoem os seguidores da ideia de que até na escola devemos eliminar punições, a teoria do "sem limites". Não vale a desculpa habitual de "não foi com má intenção, foi no calor da hora, não deem importância". Temos de nos importar, sim, e de cuidar da nossa turma, grupo, comunidade, equipe ou país. Algumas doenças precisam de remédios fortes: preconceito é uma delas. 
"Isso não tem jeito mesmo", me dizem também. Acho que tem. É possível conviver de forma honrada com o diferente: minha família, de imigrantes alemães aqui chegados há quase 200 anos, hoje inclui italianos, negros, libaneses, portugueses. Não nos ocorreria amar ou respeitar a uns menos do que a outros: somos todos da velha raça humana. Isso ocorre em incontáveis famílias, grupos, povos. Porque são especiais? Não. Simplesmente entenderam que as diferenças podem enriquecer. 
Num país que sofre de tamanhas carências em coisas essenciais, não devíamos ter energia e tempo para perseguir o outro, causando-lhe sofrimento e vexame, por suas ideias, pela cor de sua pele, formato dos olhos, deuses que venera ou pessoa que ama. 
Nossa energia precisa se devotar a mudanças importantes que o povo reclama. Nestes tempos de perseguição, calúnia, impunidade e desculpas tolas, só o rigor da lei pode nos impedir de recair rapidamente na velha selvageria. Mudar é preciso. 

Interpretação de texto Os sertões


Trecho I

Os sertanejo é, antes de tudo, um forte. [...] 
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. 
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímo-do, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. [...] 
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. 
Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte [...]. 

Euclides da Cunha. Os sertões: campanha de Canudos. 
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995, pp. 129-130.



Trecho II 

Os sintomas do flagelo despontam, lhe [para o sertanejo], então, encadeados em série, sucedendo-se inflexíveis, como sinais comemorativos de uma moléstia cíclica, da sezão assombradora da Terra. Passam as "chuvas do caju" em outubro, rápidas, em chuvisqueiros prestes delidos nos ares ardentes, sem deixarem traços; e pintam as caatingas, aqui, ali, por toda a parte, moqueadas de tufos pardos de árvores marcescentes, cada vez mais numerosos e maiores, lembrando cinzeiros de uma combustão abafada, sem chamas; e greta-se o chão; e abaixa-se vagarosamente o nível das cacimbas... [...] 
Por fim tudo se esgota e a situação não muda. Não há probabilidade sequer de chuvas. A casca dos marizeiros não transuda, prenunciando-as. O nordeste persiste intenso, rolante, pelas chapadas, zunindo em prolongações uivadas na galhada estrepitante das caatingas e o Sol alastra, reverberando no firmamento claro, os incêndios inextinguíveis da canícula. O sertanejo, assoberbado de reveses, dobra-se afinal. [...] 
Insulado deste modo no país que o não conhece, em luta aberta com o meio, que lhe parece haver estampado na organização e no temperamento a sua rudeza extraordinária, nômade ou mal fixo à terra, o sertanejo não tem, por bem dizer, ainda capacidade orgânica para se afeiçoar à situação mais alta.[...] 

Euclides da Cunha. Os sertões: campanha de Canudos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995. pp. 148. 153-154.

20 de setembro de 2016

Interpretação de texto - A hora da estrela


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Leia alguns trechos de A hora da estrela. **Gabarito no final**

Trecho I 
Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer. [...] 
Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que o nunca vivi? É que numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por estar vivendo. Quem vive sabe, mesmo sem saber que sabe. [...] 
Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei [...]. 
O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares delas. É dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida. [...] 
Quero antes afiançar que essa moça não se conhece senão através de ir vivendo à toa. Se tivesse a tolice de perguntar "que sou eu?" cairia estatelada e em cheio no chão. É que "que sou eu?" provoca necessidade. E como satisfazer a necessidade? Quem se indaga é incompleto. 

Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de janeiro: José Olympio, 1981, pp. 16-20. 


Trecho II 
Quanto à moça, ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. Na verdade - para que mais que isso? O seu viver é ralo. Sim. [...] 
Ela nascera com maus antecedentes e agora parecia uma filha de um não-sei-o-quê com ar de se desculpar por ocupar espaço. [...] Ninguém olhava para ela na rua, ela era café frio. [...] 
Essa moça não sabia que ela era o que era, assim como um cachorro não sabe que é cachorro. Daí não se sentir infeliz. A única coisa que queria era viver. Não sabia para que, não se indagava. [...] 
Talvez a nordestina já tivesse chegado à conclusão de que vida incomoda bastante, alma que não cabe bem no corpo, mesmo alma rala como a sua. 

Clarice Lispector. Idem, pp. 30-40.

19 de setembro de 2016

Atividades de interpretação de textos 7ºano


**Gabarito no final**

Leia o texto para responder às questões 01 e 02.

Tenho boas lembranças da minha mãe nessa época. Era carinhosa, magra, morena, e se vestia bem mesmo em casa, com roupa que ela mesma costurava. Forrava as gavetas com toalhas de renda, fazia as panelas brilharem e, quando me via sujo na rua, chamava para que eu me lavasse. Todos diziam que era uma mulher prestimosa; eu achava linda essa palavra.
À tarde, com minha irmã na escola, íamos ver meu irmão na rua João Teodoro. Ela subia devagar as escadas do sobrado e sentava na cadeira de balanço do meu avô, para descansar do esforço. Depois, punham meu irmão no colo dela e ela o cobria de beijos. Eu não tinha ciúme, achava bonito vê-la rindo com meu irmão pequeno no colo.
[...]

VARELLA, Drauzio. Os balões. In: Nas ruas do Brás. São Paulo: Companhia
das Letrinhas, 2000. p. 33. (Coleção Memória e História).

1. O trecho “Forrava as gavetas com toalhas de renda, fazia as panelas brilharem [...]” é um exemplo de que a mãe era uma mulher

a) vagarosa.
b) afetuosa.
c) carinhosa.
d) prestimosa.

2. O texto revela ações que

a) ainda acontecerão, mas um dia serão esquecidas pelo narrador.
b) já ocorreram, mas continuam presentes na lembrança do narrador.
c) serão recuperadas, mesmo que o narrador queira esquecê-las.
d) voltarão a acontecer, mesmo que o narrador as esqueça.

Leia o texto para responder à questão 03.

Atividade sobre linguagem formal e informal 6ºano

Relato oral de experiência vivida 



O texto que você lerá a seguir é a transcrição de um relato da autora Ana Maria Machado.

Miguelzinho é a minha história 

Quando eu fiz a primeira história pra [revista] Recreio, foi rejeitada, e a Sônia Robato devolveu e disse: "Ana, você não tem nada que escrever uma história como você acha que deve ser uma história para criança. Você deve escrever uma história como você é capaz de fazer". E aí eu fiquei encafifada com aquilo: "O que é que eu sou capaz?". Aí fiquei pensando "eu quero escrever uma história que seja como as melhores histórias que eu li ou ouvi quando era criança". [...] Aí eu lembrei de umas histórias que a minha avó me contava: histórias do Miguelzinho. E eu não lembrava de nenhuma história do Miguelzinho, mas eu lembrava do meu absoluto encantamento com as histórias do Miguelzinho. Então, eu liguei pra minha mãe, que ainda era viva nesse tempo, e disse: "Mamãe você se lembra de alguma história do Miguelzinho?" [...] Aí ela riu muito e me contou o que que eram as histórias de Miguelzinho. 
Como nós éramos muitos irmãos, teve um ano em que mamãe tava com três com coqueluche e dois com sarampo dentro de casa, então teve que isolar, e eu fui isolada. Fui pra casa da minha avó no Espírito Santo, junto com a minha outra irmã [...]. Então, quando eu tava lá, a minha avó me contava várias histórias e, nessa ocasião, ela me contou as histórias todas do Miguelzinho. Depois eu voltei pra casa pro Rio [...] e falava pra mamãe: "Ah, mamãe! A vovó contou umas histórias ótimas do Miguelzinho!", e mamãe não tinha ideia do que fosse isso [...]. Passou o tempo e quando chegaram as férias e ela foi lá, aí ela perguntou: "Mamãe, o que que eram as histórias do Miguelzinho?". E minha avó disse a ela que era o seguinte: que as histórias do Miguelzinho ela me contava toda noite o que tinha acontecido comigo de dia, ela contava de novo como se fosse o Miguelzinho. Então ela dizia assim: "Miguelzinho hoje [...] ganhou um patinho, porque ele tomou o remédio todo direitinho. Então a avó do Miguelzinho deu a ele um patinho. Aí ele saiu com o patinho, aí tinha umas formiguinhas andando, ele viu as formiguinhas... ". Enfim, eu ficava absolutamente encantada, porque Miguelzinho era eu, eu fazia tudo aquilo! Aí eu achei que eu tinha que conseguir contar histórias em que cada criança achasse que era ela [...]. 

Disponível em: <http://novo.itaucultural.org.br/canal-video/ana-maria-machado-miguelzinho-e-a-minha-historia/>. Acesso em: 29 abro 2015.

18 de setembro de 2016

Análise do poema Siderações de Cruz e Souza


Simbolismo: características da poesia simbolista (resumo)

Siderações
Cruz e Souza 

Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão  vestindo…

Num  cortejo de cânticos alados
Os arcanjos,  as cítaras ferindo,
Passam, das vestes nos troféus prateados,
As asas de ouro finamente abrindo…

Dos etéreos turíbulos de neve
Claro incenso aromal, límpido e leve,
Ondas nevoentas de  Visões levanta…

E as ânsias e os desejos infinitos
Vão com os arcanjos formulando ritos
Da Eternidade que nos  Astros canta…

CRUZ E SOUSA. João da. Missal e broquéis. São Paulo: Martins Fontes. 1993. p. 139.

Atividade com tirinha para trabalhar desmatamento

Interpretação de texto - tirinha Mafalda - meio ambiente

Observe a tirinha abaixo, em que Snoopy faz uma descrição a seu amigo Woodstock.



a) Nessa tirinha, Snoopy descreve uma árvore. Explique por que ele emprega verbos no pretérito nessa descrição. 
b) A descrição feita por Snoopy é positiva ou negativa? Quais foram os aspectos da árvore ressaltados por ele?
c) Analise as frases empregadas por Snoopy e identifique que tipo de frase predomina na tirinha e explique o porquê do emprego desse tipo de frase. 

Gabarito

a) Snoopy descreve como a árvore era, já que no momento em que ele fala a árvore não existe mais, pois houve um desmatamento e ela foi cortada. 

b) Positiva. Snoopy fala sobre as mudanças de cores das folhas da árvore, de uma estação para outra; como eram seus galhos, suas curvas, e sua importância para os pássaros. 

c) Na tirinha predominam frases declarativas, pois Snoopy esta contando alguns fatos para seu amigo.

Interpretação de Triste Fim de Policarpo Quaresma

A seguir, você lerá dois trechos do romance Triste fim de Policarpo Quaresma. O primeiro está no início do romance e caracteriza a personalidade e as convicções de Policarpo. O segundo compõe o final do romance e retrata o estado em que se encontra o personagem ao término de sua trajetória. Leia-os para responder às questões propostas. GABARITO NO FINAL


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TEXTO 1

 Policarpo, você precisa tomar juízo. Um homem de idade, com posição, respeitável, como você é, andar metido com esse seresteiro, um quase capadócio - não é bonito! 
O major descansou o chapéu de sol - um antigo chapéu de sol, com a haste inteiramente de madeira, e um cabo de volta, incrustado de pequenos losangos de madrepérola - e respondeu: 
— Mas você está muito enganada, mana. É preconceito supor-se que todo homem que toca violão é um desclassificado. A modinha é a mais genuína expressão da poesia nacional e o violão é o instrumento que ela pede. Nós é que temos abandonado o gênero, mas ele já esteve em honra, em Lisboa, no século passado, com o Padre Caldas, que teve um auditório de fidalgas. Beckford, um inglês notável, muito o elogia. 
— Mas isso foi em outro tempo; agora... 
 Que tem isso, Adelaide? Convém que nós não deixemos morrer as nossas tradições, os usos genuinamente nacionais... 
— Bem, Policarpo, eu não quero contrariar você; continue lá com as suas manias. 
O major entrou para um aposento próximo, enquanto sua irmã seguia em direitura ao interior da casa. Quaresma despiu-se, lavou-se, enfiou a roupa de casa, veio para a biblioteca, sentou-se a uma cadeira de balanço, descansando. 
Estava num aposento vasto, com janelas para uma rua lateral, e todo ele era forrado de estantes de ferro. 
Havia perto de dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo. Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleção de livros havia de espantar-se ao perceber o espírito que presidia a sua reunião. 
Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da Prosopopeia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. Podia-se afiançar que nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major. 

BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro: Garnier, 1989. p. 15-16. Fragmento.

16 de setembro de 2016

Atividades de interpretação de textos para 3ºano do ensino fundamental

Texto 1
Minha caixa de sonhar 

Tudo começou quando uma de minhas tias se casou com um filho de italianos. E ele resolveu levá-la para, conhecer seus pais, que ainda vivem num vilarejo ao sul de Roma. Acho que até então a Itália nunca tinha despertado minha atenção. 
Algum tempo depois, o correio trouxe para minha mãe um envelope gordinho: era uma carta da minha tia e algumas fotos. Mas ela e o marido não apareciam nas imagens, o que num primeiro instante achei meio estranho. Eram só fotografias de cidades, prédios que parecem bem antigos, enormes igrejas e praças, fontes rodeadas de estátuas e um pôr do sol colorindo de vermelho casas e torres. Percebi, então, que eram cartões-postais, uma criação dos austríacos há mais de cem anos, como eu soube depois, que se tomou mania universal. Além de serem uma forma simpática de se dar notícias das viagens, podem ser enviados pelo correio sem envelope. Cada um deles mostrava um pedacinho da Itália.
[...] 
Durante um bom tempo eu tinha apenas aqueles postais da Itália. Até que um dia, uma amiga da minha mãe me deu a ideia. [...] 
— Por que você não faz uma coleção de postais? Assim, quando eu viajar, já sei o que trazer de lembrança pra você. 
Gostei demais da sugestão. E antes que eu dissesse qualquer coisa a Maria Líbia prosseguiu: 
— Arranje uma caixa bem grande para guardar todos os postais que for ganhando. E quando você e seus pais viajarem, nunca deixe de passar nas bancas de revistas da cidade, onde em geral eles são vendidos. E quando alguma pessoa amiga for viajar, avise logo que você tem uma coleção de postais. Eles são baratinhos, dá para comprar vários de uma só vez. 
[...] 

Luzia de Maria. Minha caixa de sonhar: histórias de viagens para jovens de qualquer idade. 
São Paulo: Globo, 2001. p. 9 e 15.

15 de setembro de 2016

Análise tirinha orações adverbiais - intertextualidade

Leia a tira a seguir.


1. Releia o primeiro quadrinho. Nele, além da oração principal, há duas orações adverbiais.

a) Qual é a oração principal?
b) Identifique e classifique as orações subordinadas adverbiais. 

2. A história em quadrinhos tem uma relação intertextual com o conhecido conto: "Os três porquinhos" 

a) Por quem o lobo está se passando? 
b) Com que finalidade ele faz isso? 
c) Por que ele desiste de seu plano?

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GABARITO

1.
a) Eu ataco.
b) Quando os porquinhos abrirem a porta: oração subordinada adverbial temporal. para pegar a pizza: oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo. 

2. 
a)  Ele está se passando por um entregador de pizza. 
b) Com que finalidade ele faz isso? Ele quer que os parquinhos abram a porta para que ele ataque. 
c) Porque ele também adora pizza de lombinho, feita de carne de porco, e, por isso, acha mais fácil comer a pizza.