Atividade sobre a África com interpretação de texto -Os africanos chegam ao Brasil


Os africanos chegam ao Brasil 
Schuma Schumaher e Erico Vital Brazil 

Diferentes estudos mostram que, entre meados do século XVI e a década de 1850, foram traficados para o Brasil em torno de quatro milhões de pessoas escravizadas, entre congos, angolas, benguelas, caçanjes, minas e outros indivíduos provenientes dos mais diversos povos e grupos étnicos que habitavam as vilas, cidades e regiões do continente africano. Da área costeira, os mercadores de humanos, também conhecidos como tangomanos, partiam para ataques e expedições a lugares remotos onde capturavam homens e mulheres livres. Em sua célebre Crônica do Descobrimento e Conquista da Guiné, o português Gomes Eanes de Zurara destacava que, já no século XV, assim que atingiam o litoral da África, os europeus escolhiam ao acaso um local considerado mais adequado e lá se instalavam para praticar a "caçada humana". 
Embora homens e mulheres já fossem mantidos como escravos na África antes da chegada dos europeus ao seu litoral, sobretudo nos territórios islâmicos, aquela era uma situação bem diferente da que se institucionalizaria nas Américas anos depois. Segundo Antônio de Oliveira Mendes, um veterano viajante entre o Brasil e a África, as pessoas eram escravizadas por várias razões: condenações por juízes locais, sob acusações de adultério ou roubo; substituição de mulheres, filhos e filhas ou outros parentes do sexo masculino condenados ao cativeiro; ou eram simplesmente tomadas como prisioneiros de guerra. 
Com a chegada dos mercadores europeus ao continente africano, os conflitos entre os diversos grupos étnicos se acirraram e muitas sociedades se desestruturaram. Dos entrepostos e feitorias estabelecidas ao longo da costa litorânea, saíam para as Américas embarcações abarrotadas de pessoas escravizadas. 
O conjunto formado por mulheres e homens africanos que foram transportados para as cidades escravistas do território brasileiro não constituía, contudo, um grupo homogêneo e indiferenciado. Como é de se supor, cada um possuía sua própria história. Trouxeram consigo lembranças e referências familiares, étnicas religiosas e culturais, que juntas se fortaleceram, e fundamentalmente influíram na vida de todos deste outro lado do Atlântico. 
Havia - e ainda há - muitas maneiras africanas de ser. A riqueza e a diversidade cultural destes povos e de suas tradições penetraram em diferentes setores da sociedade brasileira. Influenciaram determinantemente a fé, o falar, o andar, o vestir, o comer, o festejar, assim como trouxeram sons, cores e sabores que moldaram a maneira de ser do Brasil. Um dos mais significativos exemplos desta influência está expresso no cotidiano de norte ao sul do país. Foram as mulheres mbundu, provenientes da África centro-ocidental, as primeiras feirantes no país. Foram elas as quitandeiras, tanto daqui como de Luanda, Angola, que imprimiram um jeito especial de fazer negócio caminhando, ou de montar um tabuleiro em cada esquina e vender toda a sorte de produtos. Foram elas as ganhadeiras que, durante séculos, dominaram o comércio ambulante em diversas cidades dos dois continentes. 
No entanto, as conhecidas "nações" africanas formadas na diáspora não necessariamente correspondem a povos ou tribos precisas. Na maior parte das vezes representavam a confluência de várias etnias embarcadas, num mesmo porto, provenientes de uma mesma ilha, vila ou reino. Cabinda, por exemplo, era um movimentado porto de comércio negreiro, localizado ao norte do rio Zaire, e, por conseguinte, muitos cativos que aqui chegaram no século XIX eram conhecidos como cabindas porque haviam saído de lá. Nesse conjunto podiam estar incluídos os nsundis, tekes, tios e gabãos, grupos que eram aprisionados pelo tráfico nas proximidades daquela região. 
Muitos dos chamados congos que viviam no Rio de Janeiro eram bacongos do norte de Angola e do sul do Zaire. Já o termo mina designava, desde os séculos XVII e XVIII, os cativos que saíam da África ocidental, sobretudo da região conhecida como Costa da Mina. O nome originara-se do castelo São Jorge da Mina, também chamado Elmina, na Costa do Ouro - atual Gana; por extensão, o litoral de Mina veio identificar a região costeira a leste de Elmina - o litoral da Costa do Ouro, ao leste da Nigéria, ou toda a área da baía de Benin. 
Entre os grupos escravizados, as mulheres correspondiam, numa média geral, a um contingente 20% inferior ao número de homens transportados. O apresamento das africanas esteve de algum modo condicionado à oferta de cativos do sexo masculino, assim como às demandas diferenciadas tanto na África como nas Américas, variando ainda ao longo do tempo. 

Excertos de: SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Erico. Mulheres negras do Brasil. 
REDEH; SENAC Editoras, 2007, p. 15-16.

Interpretação de poema simbolista - Ismália (Alphonsus de Guimaraens)


O poema a seguir foi escrito pelo mineiro Alphonsus de Guimaraens. Leia-o. 
(Gabarito no final)

Ismália 

Quando Ismália enlouqueceu, 
Pôs-se na torre a sonhar... 
Viu uma lua no céu, 
Viu outra lua no mar. 

No sonho em que se perdeu, 
Banhou-se toda em luar... 
Queria subir ao céu, 
Queria descer ao mar... 

E, no desvario seu, 
Na torre pôs-se a cantar... 

Estava perto do céu, 
Estava longe do mar... 

E como um anjo pendeu 
As asas para voar... 
Queria a lua do céu, 
Queria a lua do mar... 

As asas que Deus lhe deu 
Ruflaram de par em par... 
Sua alma subiu ao céu, 
Seu corpo desceu ao mar... 

GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In: SIMBOLISMO. Seleção e prefácio de Lauro Junkes. São Paulo: Global, 2006. p. 62-63. (Roteiro da Poesia Brasileira).

Interpretação de sermão Padre Antônio Vieira - Sermão de Santo Antônio (aos peixes)


Sermão de Santo Antônio (aos peixes)

Neste sermão, Vieira utiliza seu poder argumentativo para tratar da tarefa do pregador em uma terra corrompida. 

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Vós, diz Cristo Senhor nosso, falando com os Pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra, o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os Pregadores dizem uma coisa e fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. [...] 
Suposto, pois, que, ou o sal não salgue, ou a terra se não deixe salgar; que se há de fazer a este sal, e que se há de fazer a esta terra? O que se há de fazer ao sal, que não salga, Cristo o disse logo: [...] Se o sal perder a substância e a virtude, e o Pregador faltar à doutrina, e ao exemplo; o que se lhe há de fazer, é lançá-lo fora como inútil, para que seja pisado de todos. Quem se atrevera a dizer tal coisa, se o mesmo Cristo a não pronunciara? Assim como não há quem seja mais digno de reverência, e de ser posto sobre a cabeça, que o Pregador, que ensina e faz o que deve; assim é merecedor de todo o desprezo, e de ser metido debaixo dos pés, o que com a palavra, ou com a vida prega o contrário. 
Isto é o que se deve fazer ao sal, que não salga. 

VIEIRA. Antônio. In: PÉCORA. Alcir (Org.). Sermões. Tomo I. 
São Paulo: Hedra. 2000. p. 317-318. (Fragmento).