22 de abril de 2017

Atividade de interpretação de conto: O cão de Lia Ensino Fundamental II

O cão de Lia 

No dia em que Lia leu a história daquele cachorro, ficou 
fascinada. Chegou para a mãe e disse: 
"Mãe, quero um cachorro igual ao do livro!" 
E a mãe, sensata como a maioria das mães, respondeu: 
"Minha filha, os cachorros reais não são iguais aos das histórias. Para começar, os da história ficam ali paradinhos, não se mexem, não latem, não fazem cocô no tapete, pipi no sofá. Os cachorros verdadeiros rasgam livros, acabam com as plantas do jardim, comem sapatos e, quando cismam, rosnam ou até mordem. Já pensou nisso?"
"Mas mãe, eu quero um cachorro como este aqui!"
"Minha filha, isso é ilusão. Cachorro de verdade dá trabalho!" 
"Mas eu quero ter trabalho." 
"Você não vai limpar a sujeira, dar banho, ensinar, vigiar, passear com coleira, vai?"
"Vou. Eu limpo, dou banho, ensino, passeio, faço tudo."
"Isso é relativo, minha filha. Muito relativo." 
"Mãe, o que é relativo?" 
"Relativo é tudo aquilo que está em relação com alguma coisa, coisa esta que pode mudar de acordo com a relação que ela tenha com uma terceira coisa. Se está confuso, vou explicar: no dia em que tiver outras coisas mais interessantes ou importantes para fazer, você não vai querer passear, cuidar, limpar, porque não vai ter tempo nem vontade, ou simplesmente vai estar cansada." 
"Mas e se o meu cachorro for um cachorro relativo?" 
"Não existem cachorros relativos." 
"Como não? E se o meu cachorro de verdade, por causa do amor e dos cuidados que eu vou dar para ele, ficar maravilhoso, você deixa?" 
A mãe encurtou a conversa: 
"Vai depender da sua capacidade de fazer tudo isso que está prometendo." 
Lia, teimosa, juntou um ano de mesada e comprou um cachorro parecido com o do livro: mesma raça, mesma cor, mesmo jeito. Levou-o para casa, deu a ele um nome, uma coleira, carinho, atenção, banho e comida. O cachorro fez pipi no sofá, cocô no tapete, roeu as sandálias de borracha, fugiu para a rua e ainda comeu três peixes do aquário. Foi dose! Por um tempo, Lia fez de tudo para educá-lo: limpou, passeou, conversou, ensinou, vigiou. Mas foi só por um tempo. Hoje, o cão de Lia virou o cão da mãe de Lia, porque chegou a época das provas. Lia está muito ocupada, e é a mãe quem dá banho, alimenta, limpa, passeia, cuida, enfim... educa. 
Mãe é mãe e promessas são muito relativas. 

Dilea Frate. Fábulas tortas. Ilustrações de Simona Traina. 
São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007. 

1. De acordo com a mãe de Lia, que diferenças existem entre os cachorros reais e os das histórias? 

2. Você concorda que "cachorro de verdade dá trabalho"? 

3. O que Lia quis dizer com "cachorro relativo"? 

4. Por que o cão de Lia virou o cão da mãe de Lia? 

5. Você tem (ou já teve) um cachorro? Quem cuida (ou cuidava) dele? 

No conto há o narrador e as personagens. 
O narrador conta a história. As personagens participam dos acontecimentos narrados. 

6. Quem são as personagens do conto?

7. Qual é a história narrada nesse conto? 

a) A mãe de Lia quer dar um cachorro para a filha, mas tem medo de que Lia não consiga cuidar dele. Mesmo assim, a menina ganha um cachorro, mas cuida dele só por um tempo. 

b) Lia quer um cachorro, mas sua mãe tenta convencê-la de que cachorros dão muito trabalho e que Lia não vai conseguir cuidar dele. Mesmo assim, Lia junta dinheiro e compra um cachorro. Algum tempo depois, Lia não consegue mais cuidar dele por causa das provas na escola.