a) Os quartetos revelam que, mesmo no contexto familiar, o terrível momento da morte pode passar despercebido: nem o filho nem a mulher o notaram.
b) A palavra mesmo indica que a morte do ser não produziu alterações na natureza, que permanece bela.
2.
a) O eu lírico vale-se, no segundo quarteto, de um argumento científico: não há possibilidade de resistência a unia lei biológica.
b) O adjetivo duras pode ser entendido como "impiedosas", "cruéis", sugerindo uma leitura subjetiva, ou "imutáveis", "permanentes", em uma leitura objetiva.
c) No primeiro soneto, a visão da morte contém certo espiritualismo, incomum na poesia de Augusto dos Anjos, na imagem da transcendência do pai falecido subindo ao céu. Já o segundo poema submete a morte à visão materialista, que ressalta a decomposição do corpo em função das leis biológicas.
3.
a) O poema trata da morte do pai, tema sério e emocional, a partir de referências grotescas, como a comparação da mão em putrefação com queijos roídos ou dos rins cobertos pela terra.
b) A frase remete à lamentação "Pobre meu Pai!", que ecoa o poema anterior, mas a desconstrói com o uso de podre, que abre a abordagem material da morte.
c) As palavras microrganismo, fermentação, moléculas, atômica e necrófagas fazem parte do léxico científico.
d) Certamente os leitores do início do século surpreenderam-se com o estilo de Augusto dos Anjos, o que se evidencia na rejeição inicial à sua obra. Estavam acostumados com uma literatura que separava aquilo que era da ordem do poético daquilo que se constituía como referência vulgar. As ousadias da ar e moderna, que posteriormente se integraram ao repertório dos leitores atuais, reduzem um pouco o impacto da leitura dos poemas de Augusto dos Anjos, mas, no caso específico desses sonetos, o uso de referências vulgares para tratar da morte do pai ainda causa estranhamento e incômodo.
Professor: A análise considera as reações mais comuns; é possível aceitar outra resposta, desde que justificada com coerência.