Esta canção de André Abujamra possui uma letra bastante irreverente e irônica. Leia.
O mundo
O mundo é pequeno pra caramba
Tem alemão, italiano, italiana
O mundo filé milanesa
Tem coreano, japonês, japonesa
O mundo é uma salada russa
Tem nego da Pérsia, tem nego da Prússia
O mundo é uma esfirra de carne
Tem nego do Zâmbia, tem nego do Zaire
O mundo é azul lá de cima
O mundo é vermelho na China
O mundo tá muito gripado
O açúcar é doce, o sal é salgado
O mundo caquinho de vidro
Tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente.
Por que você me trata mal
Se eu te trato bem
Por que você me faz o mal
Se eu só te faço o bem [...]
Todos somos filhos de Deus
Só não falamos as mesmas línguas [...]
Everybody is filhos de God
Só não falamos as mesmas línguas [...]
Everybody is filhos de Gandhi
Só não falamos as mesmas línguas. [...]
ABUJAMRA, André. O mundo. ln: Karnak. São Paulo: Spinmusic, 2001. 1 CD. Faixa 4.
1. O texto caracteriza a realidade contemporânea por meio de versos como "O mundo é uma salada russa" e "o mundo é uma esfirra de carne". Qual é o sentido dessas afirmações?
2. O texto afirma que "o mundo tá muito gripado" e "O mundo tá muito doente". O que justifica essa perspectiva pessimista?
3. Identifique os pares de rimas presentes no texto. De que modo elas contribuem para a construção do sentido irônico da canção?
4. Que ideia presente na canção reforça a mistura dos idiomas? Que recurso linguístico é empregado para isso? Exemplifique transcrevendo pelo menos um verso.
GABARITO
1. Os versos enfatizam a diversidade cultural como uma das marcas do mundo contemporâneo, onde muitas pessoas, com valores e línguas diferentes, estão em contato.
2. Segundo o texto, o mundo está doente, ou seja, em crise, porque as pessoas são intolerantes e não se esforçam para compreender as diferenças. Na estrofe 4, mortes e mentiras são citadas como consequência da intolerância.
3. Milanesa/japonesa; russa/Prússia; carne/Zaire; cima/China; gripado/salgado; vidro/ouvido; doente/mente. Parte do humor da canção deriva dos efeitos alcançados pela associação inusitada dos termos rimados, que causam estranhamento no leitor/ouvinte.
4. A ideia de que todos somos iguais, apesar de não falarmos as mesmas línguas. O recurso linguístico empregado é o uso de versos em inglês: "Everybody is filhos de God" e "Everybody is filhos de Gandhi".