GABARITO E HABILIDADES NO FINAL
O texto a seguir é uma transcrição da entrevista concedida pelo rapper Emicida ao apresentador Pedro Bial no programa Conversa com Bial que foi ao ar no dia 16 de novembro de 2017. Nesse programa, o artista falou sobre diversos assuntos, especialmente sobre a interação entre o rap e outras formas de manifestação artística. Neste trecho, ele discute suas colaborações com outros artistas e sua participação no São Paulo Fashion Week, conhecido evento de moda da cidade de São Paulo, frequentemente criticado por pessoas envolvidas com o rap. Leia-o com atenção para responder às questões.
“[...]
P.B.: E [depois de lançar a canção “Passarinhos”] falaram [que você tava fofinho demais]?
Emicida: Ah, falaram, mas a fofura não é um crime ainda, né?
P.B.: Ainda não... De que mais você foi acusado quando cê começou a fazer essas pontes com o pop, com a MPB? [...]
Emicida: Eu penso que tipo assim, cara... Eu morava lá no Jardim Fontales, eu tinha que viajar duas hora de ônibus até Pinheiros, tá ligado? No ônibus, que eu ia espremido com as pessoas, seis horas da manhã... lá tavam os pagodeiro, os roqueiro, os evangélico, os macumbeiro, nós tava tudo lá junto, tá ligado? Tipo... eu só coloquei isso aí dentro da minha música.
[...]
P.B.: E no ano passado uma da que... uma das que esses caras aprontaram foi isso aqui [aponta para vídeo do desfile de Emicida no São Paulo Fashion Week], um curto-circuito tanto no mundo do rap quanto no mundo da moda...
Emicida: É, deu erro 404 na cabeça das pessoas (risos). Cê acredita? Nem eu acreditei. Quando acabou, tipo assim, a ficha só caiu de que tudo aquilo tava acontecendo e que era real quando a gente foi ensaiar esse... essa entrada. Aí eu vi entrando aquela negrada ali, mano, e eu fiquei assim, tipo, meu olho encheu de água, tá ligado? Eu não aguentei não, eu comecei a chorar... porque eu choro direto, no último eu chorei de novo [...]. A gente sempreee... que pensou na possibilidade de existir dentro do Fashion Week, a gente sempre pensou nisso como uma oportunidade de quebrar barreiras, destruir estereótipos, sabe? Tipo eu durante muito tempo na minha vida eu achei que tipo a minha pele era feia, o meu cabelo crespo era feio, que eu não devia ir pro mundo, sabe? Tipo eu entrava na escola, na primeira semana da escola eu queria sentar lá no fundo, eu queria ser invisível, eu queria que ninguém me visse, porqueee... aquele ambiente era agressivo pra mim, toda hora ia aparecer alguma piadinha com meu cabelo...
P.B.: E você sofreu racismo na escola?
Emicida: Sim. Sim. Toda a... acho que a escola é o ambiente onde a gente tem que tá mais atento, sabe, porque é ali que começa mesmo, ali é o momento onde uma criança preta, ela, tipo... tem uma... tem um primeiro baque de, tipo assim, ela é marcada como diferente, inclusive [...] eu tava na pré-escola e aí os moleque começou a me chamar de macaco... ali foi a primeira vez que tipo eu tomei um soco assim tipo, meu, esse moleque é o diferente e nós vai zoar ele por causa disso... e aquilo foi se perpetuando, entendeu? [...]”
Entrevista de Emicida. Programa Conversa com Bial de 16 nov. 2017. Disponível em: <https://globoplay.globo.com/v/6294922>.
Questão 1
Em sua segunda intervenção, Pedro Bial pergunta a Emicida de que outras coisas ele já foi acusado ao fazer música com participação de artistas de outros estilos, mas este, em vez de responder diretamente, passa a descrever o caminho que fazia para trabalhar.
a) Explique por que ele responde dessa forma. Ao fazer isso, não se limite a repetir ou parafrasear a resposta, mas explicite qual relação se estabelece entre ela e a pergunta feita.
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b) Ao final de sua segunda resposta, Emicida diz: “só coloquei isso aí dentro” (de sua música). Explique o que ele quer dizer com “isso aí”.
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Questão 2
Em sua terceira resposta, quando fala sobre sua participação no evento de moda São Paulo Fashion Week, Emicida afirma que “chorou”. Explique, com suas próprias palavras, qual foi a causa de seu choro.
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Questão 3
A respeito do uso da expressão “a gente” e dos pronomes pessoais na terceira resposta do entrevistado, assinale a alternativa correta.
a) Ao utilizar a expressão “a gente”, o entrevistador emprega uma concordância de primeira pessoa do plural.
b) A utilização da expressão “a gente” é incorreta nesse contexto, por não se adequar à formalidade exigida pela entrevista.
c) Substituindo a expressão “a gente” por um pronome pessoal de primeira pessoa do plural, a concordância seria feita, em uma variante de prestígio, com a forma verbal “pensamos”.
d) O uso da expressão “a gente” indica que o entrevistado atribui a decisão sobre a participação no evento a uma coletividade que não o inclui.
Questão 4
Em sua última resposta, ao narrar a primeira vez em que se percebeu alvo de racismo, Emicida diz: “esse moleque é o diferente e nós vai zoar ele por causa disso”. A quem se refere o pronome “ele” nessa frase? Explique.
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