O que é que eu quero para a vida?
Gonçalo M. Tavares
25.
O que é que eu quero para a vida?
Oh, essa pergunta.
Quando era novo queria ser mais velho.
Depois comecei a querer ser mais novo.
Se pudéssemos ficar na idade em que não queremos ser mais
novos nem mais velhos, seria o ideal.
Mas nem sequer me lembro se essa idade existiu, quanto mais.
O que é que eu quero para a vida?
Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta.
Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder:
— Quero dormir!
Mas, assim, a fazerem-me a pergunta logo pela manhã, fico
sem palavras.
Voltem logo à noite, está bem?
Eu logo vos respondo.
1. Qual é o tema do poema?
2. De que forma o eu lírico trata o tema?
3. Como você interpreta os versos a seguir?
a)"Oh, essa pergunta."
b) "Mas nem sequer me lembro se essa idade existiu, quanto mais."
4. O poema apresenta marcas da literatura contemporânea? Justifique.
5. Identifique características da língua portuguesa de Portugal no poema.
GABARITO
1. Dúvida e dificuldade em resolver questões existenciais; insatisfação do ser humano.
2. Ele trata o tema com humor
3.
a) O eu lírico expressa que essa é uma pergunta recorrente. Pode expressar tédio, cansaço pela dificuldade em respondê-la.
b) Expressa a dificuldade do eu lírico em se sentir satisfeito, pois nem consegue se lembrar de quando foi feliz.
4. Sim. A linguagem é prosaica, cotidiana, concisa; não há preocupação com a forma tradicional.
5. O uso do infinitivo: "Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta."; "[...] a fazerem-me a pergunta logo pela manhã [...]". Emprego do pronome pessoal: "Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder".