4 de novembro de 2018

Temas de questões Enem 2018: refugiados, feminicídio, nazismo e golpe de 1964


No primeiro dia do exame, apareceram tópicos como feminicídio, nazismo, escravidão, golpe de 1964, crise de refugiados, entre outros.

Segundo a candidata Bruna Damasceno, de 19 anos, do Rio de Janeiro, esta foi uma das provas que mais abordou temáticas envolvendo políticas e questões sociais atuais. Em uma delas, foi abordado o feminicídio com um recorte de raça, referindo-se especificamente às mulheres negras. Além disso, ela diz que uma questão tratava sobre nazismo.
De acordo com outra candidata, Lorena Santos, foi usado um poema de Graciliano Ramos e um texto sobre publicidade e racismo como base para questões de interpretação de texto. Ela deixou o Colégio Luiz Viana,  em Salvador, na Bahia, às 14h40 (15h40 pelo horario de Brasilia) e classificou a prova como "muito mais facil do que a dos três anos anteriores". Ela está fazendo o Enem pela quarta vez.

— Os textos foram bem mais objetivos do que os das edições anteriores — disse ela.

Já Érica Sodré Almeida, de 20 anos, também de Salvador, contou que a prova de Ciências Humanas abordou aspectos do governo do presidente João Goulart, que sofreu o golpe de 1964.

Questões de 'nível médio para alto', diz professor

O diretor pedagógico do curso Descomplica, Cláudio Hansen, avalia que a prova do Enem 2018 foi mais difícil e explorou temas mais atuais do que a edição anterior, como questões de gênero, democracia e crise dos refugiados.

— Gostei muito da prova, teve um nível de médio para alto. Melhorou em relação ao ano passado, quando parecia mais distante em relação ao que vivemos na realidade — explica Hansen, que também é professor de Geografia. — Entre os temas mais explorados estão a escravidão, as culturas africanas, sustentabilidade, questões agrícolas e dinâmicas populacionais.

Entre os conteúdos não abordados e que foram recorrentes nas edições anteriores estão questões regionais do país, como a Amazônia e seus biomas.

— Houve uma maior cobrança de análise de gráficos e capacidade de leitura densa — afirmou ele.

Sobre a redação, Hansen afirmou que foi a parte mais atual da prova:

— Vivemos isso o ano inteiro, o aluno pode falar sobre a sua experiência. Por isso, pode ter sido considerado fácil para muita gente.

Segundo Everton Silva, professor de Linguagens do COC, na parte de Linguagens, o Enem manteve a tendência dos últimos anos e trouxe questões com base em interpretação de texto, variações linguísticas e uso de diferentes tipos de gêneros textuais, como literário e jornalístico. Como é de costume, o exame trouxe textos que abordavam questões sociais.

— Uma das questões interpretativas utilizou o resumo de um trabalho acadêmico que falava sobre como o negro era visto pela indústria de produtos de beleza, que reforçava a beleza do negro como menor e, por isso, que era necessário usar esses produtos para alcançar um certo padrão. É um texto que se posiciona em relação a uma questão social — destaca o professor.


Fonte: O Globo