23 de janeiro de 2019

Formas nominais - exercícios com gabarito


Ao estudar conjugação verbal, é preciso que se dê especial atenção às formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio e particípio. São chamados de formas nominais tais tempos, porque, ao lado do seu valor verbal, podem desempenhar função de nomes (substantivo, adjetivo e advérbio).

Assim, teríamos:
Fumar é proibido.
Aqui, o infinitivo exerce papel de substantivo, pois é sujeito do verbo ser.
Tempo perdido.
Nesse caso, o particípio exerce papel de adjetivo do substantivo tempo.
Amanhecendo, partiremos.
Aqui, o gerúndio apresenta um valor adverbial, pois indica circunstância de tempo à forma verbal partiremos.

Vamos, então, estudar as formas nominais do verbo. Aproveite para observar as desinências características dessas formas, destacadas a seguir:

Infinitivo – Gerúndio – Particípio

Infinitivo: falar, beber, partir
Gerúndio: falando, bebendo, partindo
Particípio: falado, bebido, partido

Importante: O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal.

O infinitivo pessoal é dividido em flexionado e não flexionado.

Infinitivo flexionado: indica o agente da ação – falar, falares, falar, falarmos, falardes, falarem.
Assim, teríamos:
Para passares em concurso, é preciso estudo.
Aqui, a desinência do infinitivo – res – indica que o agente da ação é tu. É um caso de infinitivo com desinência, com flexão.

Infinitivo não flexionado: apresenta uma só forma para as seis pessoas (falar).
É importante que estudemos para passar em concurso.
Aqui, não há desinência para a forma de infinitivo, mas inferimos pelo verbo da oração anterior –estudemos – que o agente do infinitivo é nós. Logo, tem-se um infinitivo pessoal, com sujeito, mas sem flexão. Vale lembrar que a opção por não flexão é apenas uma forma de enfatizar a ação verbal,  tendo em vista que o sujeito está claramente identificado na forma verbal estudemos.

Observação: A flexão do infinitivo é assunto que deve ser estudado com mais profundidade em concordância verbal.

O infinitivo impessoal enuncia uma ação vaga, indeterminada:
É preciso acabar com a miséria no país.
Repare que nessa forma do verbo não há a intenção de se mostrar o agente da ação. É o infinitivo com sujeito indeterminado: o infinitivo impessoal.

Atenção: Em relação a esse assunto, o que se vê nas provas é o infinitivo em confronto com o futuro do subjuntivo. Nos verbos regulares, essas formas são idênticas. 

Exemplo: 
Infinitivo pessoal do verbo amar: amar, amares, amar, amarmos, amardes, amarem. Futuro do subjuntivo do verbo amar: amar, amares, amar, amarmos, amardes, amarem.

Logo, vem a pergunta: como não confundi-los?

DICAS
1. Com conjunção, será sempre futuro do subjuntivo. Com preposição ou sem conectivo algum, será infinitivo.
2. Na dúvida, troque o verbo em questão por um outro irregular, que não apresente tal semelhança. Use, por exemplo, o verbo FAZER, que tem como infinitivo a forma fazer e como futuro do subjuntivo fizer.
EXERCÍCIOS

A seguir, veremos uma questão, com um índice de erro bastante acentuado, que buscava a distinção entre as duas formas: futuro do subjuntivo x infinitivo pessoal.

1. (NCE/Psicólogo) ... não se deve dizer mal de ninguém...; a frase em que a forma verbal destacada está no mesmo tempo e modo do verbo sublinhado é:
a) Quando sair para a cidade, irei de táxi.
b) Ao chegar à exposição, ficarei deslumbrado.
c) Assim que lanchar, partirei.
d) Se viajar, será de avião.
e) Logo que puder, dormirei.

Comentários:
A forma dizer está no infinitivo impessoal, até porque, se estivesse no futuro do subjuntivo, seria
disser.
Nas letras A, C, D e E, os verbos estão no futuro do subjuntivo: observe a presença de conjunções quando (letra A) e se (letra D), bem como das locuções conjuntivas assim que (letra C) e logo que (letra E). Substitua mentalmente tais formas verbais por fizer (quando fizer, assim que fizer, se fizer, logo que fizer), e você terá a certeza de que elas estão no futuro do subjuntivo. Já na letra B, vemos a preposição a em ao chegar, o que indica que o verbo está no infinitivo. Basta trocar a forma verbal chegar por fazer e você terá certeza de que é infinitivo (ao fazer).
Resposta: B.
Além do infinitivo, convém darmos especial atenção ao uso do gerúndio, assunto muito comum nas provas de concursos públicos. Nesse caso, vale observar que o bom uso do gerúndio aconselha que o utilizemos para indicar uma ação que ocorra simultaneamente a outra, a fim de que não produza ambiguidade. 

Assim, teríamos:
Andava pelas ruas sorrindo.
Aqui, temos duas ações – andar e sorrir – que ocorrem ao mesmo tempo: bom uso do gerúndio. 

No entanto, devemos evitar construções do tipo:
Escreveu o relatório, enviando-o ao gerente.
Nesse caso, o gerúndio está sendo utilizado para indicar uma ação posterior a outra, o que é inadequado, por suscitar a seguinte dúvida: escreveu o relatório e, ao mesmo tempo, o enviou ao gerente, ou escreveu e depois o enviou ao gerente? O melhor seria não usar o gerúndio, e sim o pretérito perfeito: escreveu o relatório e o enviou ao gerente.
Tal inadequação vem sendo trabalhada em algumas provas. Eis uma questão que nos servirá como exemplo:

2. (NCE/Corregedoria) “... que a roubou, ameaçando cortar a garganta do garoto”. O bom uso do gerúndio requer que sua ação seja simultânea à do verbo principal, como ocorre nesse segmento do texto. Assim, é exemplo de mau uso do gerúndio a frase:
a) O assaltante gritou, abrindo a porta...”.
b) O motorista acovardou-se, abaixando o vidro.
c) O assaltante entrou, sentando-se no banco traseiro.
d) O marginal ameaçou-o, mostrando a arma.
e) O motorista obedeceu, acelerando o carro.

Comentários:
Nas letras A, B, D e E, observa-se o uso do gerúndio que indica uma ação concomitante a outra.
Na letra A, o assaltante grita e abre a porta ao mesmo tempo; na letra B, o motorista se acovarda e abaixa o vidro simultaneamente; na letra D, ao mesmo tempo em que o marginal ameaça, ele mostra a arma; e na letra E o motorista obedece e acelera o carro simultaneamente. Todas elas indicam um bom uso do gerúndio. Já a letra C apresenta a ação de sentar no gerúndio, que não é concomitante e sim posterior à ação de entrar: temos um uso inadequado do gerúndio. Melhor seria dizer: o assaltante entrou e se sentou no banco traseiro.
Resposta: C.

Para finalizar o estudo das formas nominais do verbo, vamos falar sobre o particípio. Quanto a esse assunto, vale focar dois pontos importantes:

a) Há verbos que possuem duas formas de particípio: o regular (de terminação -do) e o irregular (que não possui terminação -do). 
Exemplos:
aceitar: aceitado, aceito;
entregar: entregado, entregue;
limpar: limpado, limpo;
inserir: inserido, inserto;
suspender: suspendido, suspenso;
prender: prendido, preso;
imprimir: imprimido, impresso.

O que se convém é usar a forma regular do particípio com os verbos auxiliares ter e haver e a forma irregular com os auxiliares ser e estar ou em qualquer outra hipótese. Assim, teríamos como exemplo:
Verbo aceitar: duplo particípio regular (ter ou haver / tenho aceitado) irregular (ser ou estar / foi aceito)

b) Em algumas questões, cobra-se o verbo vir e derivados nas formas do gerúndio e do particípio. Isso porque é o único verbo que tem gerúndio e particípio idênticos. Assim, teríamos:
Eu estou vindo para casa.
O verbo vir está no gerúndio. Basta substituí-lo por chegar: eu estou chegando.
Eu tenho vindo muito a este lugar.
Aqui, o verbo vir está no particípio. A troca por outro verbo no particípio pode ajudar você a chegar a tal constatação: eu tenho chegado.

Essa coincidência de formas do verbo vir no gerúndio e particípio já foi trabalhada em algumas questões de provas. Observe:
3. (NCE-UFRJ/Ministério Público) Noticiando é forma do gerúndio do verbo noticiar; a frase em que a forma verbal destacada pode não estar no gerúndio é:
a) As notícias estão chegando da Itália cada vez mais rapidamente.
b) Transformando-se o ódio em amor, acabam-se as guerras.
c) Vindo o resultado, os clientes começaram a protestar.
d) Os jogadores italianos estão reclamando dos estrangeiros.
e) O atleta viajou, completando sua missão.

Comentários:
Em todas as alternativas, exceto em uma, temos verbos que estão no gerúndio: chegando, transformando, reclamando e completando. Na letra C, vê-se o caso do verbo vir que, na frase em que se encontra, tanto pode estar no gerúndio (“Chegando o resultado...”) como pode estar no particípio (“Chegado o resultado...”). Observe que, no enunciado, houve o cuidado de se afirmar que se trata de uma forma que pode não estar no gerúndio: a própria frase é ambígua.
Resposta: C.

Agora, vamos a uma questão que não permite ambiguidade e ilustra bem a semelhança das formas de gerúndio e particípio do verbo vir:
4. (NCE-UFRJ/Auxiliar de Cartório) Como sabemos, o morfema -NDO forma gerúndios, de que fazendo é um exemplo. O item em que a forma em maiúscula não corresponde a um gerúndio é:
a) CHEGANDO os corpos, será feita a autópsia.
b) Os médicos estiveram REALIZANDO exames.
c) Os poetas tinham VINDO ao sepultamento do colega.
d) TENDO tempo, todos participarão do exame.
e) Ganhará dinheiro, VENDENDO bugigangas.

Comentários:
As letras A, B, D e E apresentam verbos no gerúndio:chegando, realizando, tendo e vendendo.
Na letra C, temos o verbo vir no particípio: basta substituí-lo por chegar – os poetas tinham  chegado...
Resposta: C.