10 de março de 2024

Gênero mito - Classes de palavras - Interpretação e produção textual - Atividade simples de revisão 7º e 8º anos

 


Leia o texto "O maior dos dilúvios" com atenção e faça o que se pede. 

O maior dos dilúvios

Prometeu tinha um filho chamado Deucalião, que era bondoso e gentil. Ele amava os pássaros, os animais e os insetos — amava até a águia que rasgava o fígado do seu pai todas as manhãs.“Ela está apenas fazendo o seu serviço!”, dizia ele ao pobre Prometeu, na sua visita anual ao Cáucaso. Prometeu rilhava os dentes e assentia bravamente, e Deucalião alisava as penas da águia enquanto eles conversavam.
Até que um dia uma terrível mensagem foi trazida a Prometeu pelo Vento Norte. Prometeu implorou à águia que tirasse um dia de folga e fosse buscar Deucalião para ele. Como Deucalião fora gentil com ela, a águia foi.
“Meu filho”, disse Prometeu, “você precisa se salvar, e à sua mulher. Zeus está zangado com Pandora por ela ter aberto o meu jarro e deixado todos os males escaparem para o mundo. Eles infectaram as minhas pessoas de barro e agora elas estão sendo tão cruéis umas com as outras que Zeus vai se livrar delas. Ele vai fazer chover, e chover, até toda a terra ficar coberta pelas águas e tudo o que nela vive ser afogado. Você precisa construir um barco para que você e Pirra escapem.”
“Mas, pai, e os animais, pássaros e insetos? Eles não são como as suas pessoas — eles são inocentes. Como poderei salvá-los?”, perguntou Deucalião.
Então Prometeu lhe explicou como construir uma grande arca, com espaço suficiente para duas criaturas de cada espécie. Logo a terra inteira foi coberta de água, e as únicas coisas vivas que restaram sobre ela foram Deucalião, sua mulher e as criaturas que eles haviam reunido na arca. O barco ficou malcheiroso e não havia muita comida, mas depois de nove noites e nove dias as águas baixaram e a arca aportou no alto de uma grande montanha.
Animais, aves e insetos saíram rapidamente, voando e rastejando, em busca de novos lares, e Deucalião e Pirra se ajoelharam na terra e louvaram Zeus, agradecendo por ter escapado.
Eles acenderam uma fogueira com algumas brasas preciosas que tinham guardado em um pote, e quando a fumaça chegou ao Olimpo Zeus olhou para baixo e os viu rezando.
“São boas pessoas”, ele pensou. “Vou ajudá-las.” Zeus então entregou uma mensagem a Bóreas, o Vento Norte, para ser soprada ao ouvido de Deucalião.
“Zeus mandou jogar os ossos da mãe por cima do seu ombro!”, assoviou Bóreas. Deucalião ficou muito surpreso. Certamente Zeus não queria dizer os ossos de Pirra.
“Zeus quer dizer os ossos da Mãe Terra, tolinho!”, disse Pirra. E ela pegou uma grande pedra e a jogou por cima de seus ombros. Imediatamente, uma menininha apareceu ali, em pé. Ela veio correndo até Pirra para ser abraçada.
Deucalião e Pirra caminharam por toda a terra jogando pedras por cima dos ombros, e em cada lugar por onde passaram Deucalião fez homens e Pirra, mulheres. Alguns eram pardos, alguns rosados, alguns amarelos e alguns negros. Como tinham sido feitos de pedra, as ferroadas dos insetos maus de Pandora não eram nem de longe tão nocivas a eles quanto tinham sido para as pessoas que Prometeu fizera com barro, tantos anos antes.

Lucy Coats. O maior dos dilúvios. Em: O menino que caiu do céu: 50 mitos gregos.Tradução de Ricardo Gouveia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 30-32.