8 de maio de 2015

Leitura e Interpretação de Crônica | Nossos netos não vão comer pastel!

CRÔNICAS:
Medo da eternidade - Clarice Lispector
Cachorros! - Luis Fernando Verissimo
O homem nu - Fernando Sabino (interpretação e produção)
A volta do filho pródigo de Moacyr Scliar
Vida urbana (Lima Barreto)
Restos do carnaval (Clarice Lispector)
No aeroporto (Drummond)
Cruzamento (sobre adolescência)
Crônica reflexiva sobre preconceito
Meio-dia e meia (Rubem Braga)
Crônica reflexiva (Luis Fernando Verissimo)
Crônica humorística - Fúria no trânsito (Walcyr Carrasco)
Crônica sobre leitura/menino de rua
Crônica argumentativa - Pesadelo paulistano
Crônica argumentativa - Pensar é trangredir (Lya Luft)
Interpretação de CRÔNICA com gabarito - Da lei (Ferreira Gullar)

NOSSOS NETOS NÃO VÃO COMER PASTÉIS! 
Pode ser ignorância nossa, mas não sabíamos que o novo vilão do planeta é o óleo de cozinha! Sim, aquele usado pra fritar pastel, bife à milanesa e batata frita! Sabíamos que jogar óleo usado na pia podia causar um grande entupimento. E que uma das opções era jogá-lo na privada. Mas, como não somos cozinheiras de mão cheia e sabemos que frituras fazem a maior sujeira, nunca pensamos muito sobre o assunto óleo.
Até agora começaram a pipocar notas sobre o “descarte do óleo”. Ou seja: como jogar aquele óleo usado fora!? Segundo os cientistas, o óleo dos pastéis pode ser o responsável por enchentes, morte dos fitoplânctons e até pelo aquecimento global! E não pense que isso não tem a ver com você para quem cozinha é ovo na manteiga. Porque, agora, comer uma coxinha é quase um crime contra o planeta, se você pensar bem.
Deve ser por isso que algumas cozinheiras guardam o óleo velho e usado numa lata sinistra, geralmente embaixo da pia. Elas deixam lá até pensarem numa maneira melhor de jogar o tal óleo assassino de fitoplânctons. Devem ir acumulando latas e latas de óleo, em silêncio, por anos. E, depois, sem saber o que fazer, colocam tudo aquilo numa Kombi, desaparecem pelo mundo e passam a viver na clandestinidade, cheias de culpa.
Os ecologistas recomendam que você entregue o óleo para ONGs que fazem reciclagem ou façam sabão caseiro. Sim, um sabão caseiro com o óleo velho! Que nem naquele filme Clube da luta, em que os sabonetes das madames eram feitos com a gordura da lipoaspiração. Eca! Só de pensar nisso já desistimos de comer qualquer coisa frita para sempre! Ou de usar sabonete.
Uma coisa nos deixou tristes: o fato de que talvez nossos netos (se tivermos algum) nunca conhecerão o sabor de um delicioso bife à milanesa ou de um pastel de queijo. Pense nas feiras sem barraca do pastel. Certamente, ir à feira vai ficar mais triste.
Porque, se a gente tiver que levar latas de óleos velhos para reciclagem ou usar sabão com odor de fritura, vamos adotar só alimentos cozidos. No vapor.
A vida fica cada dia mais triste no planeta Terra. E, por enquanto, vamos nos entupir de pastel para esquecer disso.

Momento de histeria

Estamos fritas!

(Jô Hallack, Nina Lemos e Raq Affonso. Nossos netos não vão comer pastel! Folhateen, suplemento do jornal Folha de S. Paulo, 17 set. 2007.)


QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO

1. Por que, segundo a crônica, "nossos netos não vão comer pastel"?

2. Que aspecto da vida cotidiana foi usado pelas autoras para comentar as mudanças inevitáveis de nossos hábitos?

3. Por que as autoras não haviam pensado ainda sobre o assunto?

Releia: "Até que agora começaram a pipocar notas sobre o 'descarte do óleo'."

4. Qual é o sentido do verbo pipocar nessa frase?

5. Substitua esse verbo por uma expressão sinônima.

Releia: "Segundo os cientistas, o óleo dos pastéis pode ser o responsável por enchentes, morte dos fitoplânctons e até pelo aquecimento global!"

6. É possível que algum cientista tenha feito essa afirmação?

7. Qual pode ter sido o objetivo das autoras ao dar essa informação?

8. Cite outros trechos em que se percebe o mesmo objetivo.

9. Como as autoras se sentem em relação à necessidade de adotar esse novo procedimento? Copie um trecho que confirme sua resposta.

10. Embora haja no texto explicações de cientistas para os fatos apresentados, ele não pode ser chamado de artigo de divulgação científica. O que há nele que o diferencia dos artigos de divulgação científica?