21 de janeiro de 2019

10 erros de português para conhecer e evitar


“Independente de” e “independentemente de”
Mais uma da série advérbios versus adjetivos, a diferença entre esses dois é que “independente” pode ser uma qualidade ou um estado (isto é, um adjetivo), enquanto “independentemente” é um advérbio de modo, que quer dizer a mesma coisa que “de forma independente”. Confira os exemplos e entenda melhor:

Com que idade um jovem se torna independente dos pais?
Independentemente da nossa idade, todos podemos precisar do apoio da família em algum momento.

“Há” e “a”
Um é um verbo, o outro uma preposição, mas por causa da pronúncia idêntica, é fácil se embananar na hora de escrevê-los, não é? A dificuldade aumenta quando “há” (que, para quem não se lembra, é do verbo “haver”) é usado para indicar o tempo passado, se confundindo com a preposição “a”, que só marca uma distância (temporal ou espacial). Fica assim:

Há muito tempo, os dinossauros foram extintos.
O supermercado mais próximo fica a 10 minutos daqui.
No ano passado, comprei meus presentes com antecedência: a 2 meses do Natal.

“De trás”, “atrás” e “detrás”
Enquanto “detrás” e “atrás” podem ser usados como sinônimos, “de trás”, separado, aparece quando é necessário empregar a preposição “de”. Confuso? É só pensar assim: se a pergunta for só “onde”, responda com “atrás” ou “detrás”. Agora, se for “de onde”, o certo vai ser “de trás”. Fica desse jeito:

Onde está o cofre secreto? Atrás do quadro.
Onde foi parar meu casaco? Está pendurado detrás da porta.
De onde saiu esse rato? De trás do armário da cozinha.

“Aparte” e “à parte”
“Aparte” pode ser o imperativo do verbo “apartar” (que quer dizer separar ou desviar) ou um substantivo masculino (que significa um comentário isolado, como se fosse um parêntese em um discurso). Já “à parte” é aquilo que já está ou vai ser separado. Veja se entende melhor com os exemplos:

Ele não consegue manter sua linha de raciocínio e faz apartes desnecessários o tempo todo, de modo que ninguém entende o que diz.
Ontem fui chamado para uma conversa à parte com minha chefe.
Minhas compras pessoais precisam ser feitas à parte em relação às da empresa.


“Decerto” e “de certo”
A dica aqui é tentar substituir a expressão pela palavra “certamente”. Se funcionar, use “decerto” junto. Se não, é “de certo” separado. Desse jeito:

De certo modo, seu conselho me ajudou mais do que eu esperava.
Depois de estudar tanto, você decerto conseguirá uma boa nota na prova!

“A fim” e “afim”
“Afim” junto vem de afinidade, enquanto “a fim” é a preposição “a” ligada ao “fim” no sentido de finalidade. Para saber qual dos dois usar, então, é só parar para pensar qual dessas duas ideias você está tentando passar. Veja:

As duas empresas se uniram para atingir interesses afins (ou semelhantes).
Você está a fim de sair hoje à noite?
Precisamos passar no banco a fim de fazer um depósito.

“No lugar de”, “ao invés de” e “em vez de”
Pense em trigêmeos, mas com dois dos irmãos sendo iguaizinhos e um deles bem diferente. A ovelha negra é “ao invés de”, que só serve para contrastar ideias opostas (tipo alto e baixo, frio e quente, etc.). Os outros dois contrastam coisas diferentes, mas que não se excluem mutuamente (como manga e melancia, azul ou branco, etc.). Repare nos exemplos:

Decidimos fazer uma mousse para a sobremesa no lugar do bolo. (mousse e bolo não são necessariamente opostos)
Não vamos viajar mais para o Japão. Em vez disso, vamos para a Nova Zelândia. (idem)
Ao invés de sair, resolvemos ficar em casa. (ficar em casa e sair podem ser consideradas coisas opostas, certo?)


“Tachar” e “taxar”
“Taxar” está relacionado a taxas, tarifas, pagamentos, etc. Por outro lado, “tachar” é atribuir qualidades negativas a alguém ou, ainda, censurar algo, colocando uma tacha (como aqui). Veja:

É normal taxar produtos importados para estimular o consumo interno.
Depois de cometer um erro fatal no primeiro dia de trabalho, João foi tachadode incompetente.

“Este” e “esse”
Já ficou em dúvida sobre dizer “este ano” ou “esse ano”? Essa realmente é uma questão um pouquinho complicada, mas dá para resumi-la dizendo o seguinte: “este” se refere ao que está perto de quem está falando, ao tempo presente e ao que queremos dizer a seguir. Já “esse” faz justamente o contrário: se refere ao que está longe de quem fala, ao tempo futuro ou passado, e ao que já dissemos antes. Confira três exemplos em que esse contraste fica evidente:

Daqui a alguns meses, neste verão, provavelmente não vamos ter férias tão boas quanto estamos tendo agora, nesse inverno, já que precisaremos nos preocupar com problemas de final de ano.
Este instrumento que estou tentando usar não serve, por favor, me passe esse que está ao seu lado.
Depois dessas palavras que acabei de pronunciar, gostaria ainda de acrescentar esta citação: “…”

“Onde”, “aonde” e “de onde”
A preposição diz tudo: se “onde” é o lugar onde alguma coisa está, “aonde” implica um movimento a algum lugar (como quando usamos “ir” ou “chegar”), e “de onde” demanda a origem de algo. Confira:

Você viu onde está minha carteira?
Não estou entendendo aonde eles pensam que vão.
Não sei de onde veio o barulho.