16 de março de 2024

Produção de resumo e variação linguística - Gênero narrativa de aventura 7ºano

 

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Gênero textual: narrativa de aventura

As aventuras de Huckleberry Finn, texto do campo artístico-literário, narra a história de um jovem, Huck Finn, que não se sentia pertencente à sociedade. Finn não ficava à vontade na casa das senhoras que o adotaram, nem na companhia do pai. Certo dia, então, ele decidiu fugir e, em sua jornada, encontrou Jim, um escravizado fugitivo, a quem ajudou em sua fuga e com quem desenvolveu uma relação de amizade.

As aventuras de Huckleberry Finn

[…]

Parei um pouco e quase desmaiei. Encurralado nos destroços de um barco a vapor com um bando desses! Mas não era hora de ficar se sentimentalizando. Agora a gente tinha que encontrar esse bote – precisava dele pra gente. Então a gente seguiu tremendo e vacilando pelo lado de estibordo, e foi também um deslocamento lento – tive a impressão que a gente levou uma semana pra chegar na popa. Nem sinal do bote. Jim disse que achava que não podia ir adiante – tava tão assustado que não tinha mais força sobrando, disse ele. Mas eu disse vamos, se a gente fica pra trás nesse barco destruído, aí sim a gente tá numa sinuca. Então a gente foi em frente, a esmo. Começou a procurar a popa do tombadilho e encontrou, e aí seguiu tateando pra frente em cima da claraboia, nos agarrando de estore em estore, porque a beirada da claraboia tava dentro d’água. Quando a gente chegou bem perto da porta do corredor transversal, lá tava o bote, sem tirar nem pôr! Eu mal podia ver ele. Nunca me senti tão agradecido.Mais um segundo e eu já me via a bordo, mas bem nesse momento a porta se abriu. Um dos homens enfiou a cabeça pra fora, só mais ou menos a meio metro de mim, e pensei que eu tava perdido. Mas ele puxou de novo a cabeça pra dentro e disse:


— Tira esta lanterna desgraçada da vista, Bill!
Atirou um saco de alguma coisa dentro do bote, depois entrou na embarcação e se sentou. Era Packard. Aí Bill ele apareceu e entrou no bote. Packard disse em voz baixa:
— Tudo pronto... toca o barco!
Eu quase não conseguia me agarrar nos estores, tava fraco demais.
Mas Bill diz:
— Espera... ocê revistou ele?
— Não. E ocê
— Não. Ele ainda tem a parte dele do dinheiro.
— Bem, então, vamos lá... num adianta levar as coisas e deixar o dinheiro.
— Ei... será que ele não suspeita o que tamo fazendo?
— Talvez não. Mas temos que pegar o dinheiro de qualquer jeito. Vamos.
Então saíram do bote e entraram no navio.
A porta bateu, porque tava no lado adernado, e em meio segundo eu tava no bote, e Jim veio aos trambolhões atrás de mim. Tirei a minha faca e cortei a corda, e aí a gente foi embora!
A gente não tocou em nenhum remo, e a gente não falou nem sussurrou, quase nem respirou. Deslizou rápido, num silêncio mortal, passando pela ponta do tambor da roda e passando pela popa; depois, em mais alguns segundos, a gente tava cem metros além do vapor naufragado, e a escuridão tomou conta de tudo, apagou até o último sinal dos destroços. A gente tinha se safado e sabia disso.

[…]
Mark Twain. As aventuras de Huckleberry Finn. Tradução de Rosaura Eichenberg. Porto Alegre: LP&M, 2011. E-book.