7 de dezembro de 2023

Interpretação de texto de divulgação científica para ensino médio com o tema adolescência com gabarito


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O texto abaixo fala sobre como cientistas estudiosos da adolescência entendem o que ocorre com o cérebro nesse período da vida. Leia-o e responda às questões. 

O cérebro em nova transformação
Suzana Herculano-Houzel

Se você ainda pensa que a adolescência é aquela fase indesejável da vida em que o comportamento desanda porque o cérebro, pronto após as modificações da infância, é inundado por hormônios, pense de novo. Descobertas recentes da neurociência mostram que se trata, na verdade, de um período de grande reorganização cerebral, em que os hormônios são responsáveis apenas por uma pequena parte do comportamento — o interesse sexual, e ainda assim somente porque mudanças no cérebro o deixam sensível aos tais hormônios.
Tudo começa com alterações no hipotálamo, que disparam o estirão de crescimento e mais tarde provocam o amadurecimento sexual tanto do cérebro quanto do corpo, por meio da liberação dos hormônios sexuais. No início da adolescência, o sistema de recompensa, que nos faz sentir prazer e querer mais do que é bom, perde mais de um terço da sua capacidade de ativação. Resultado: o tédio, quando nada do que antes era bom nos satisfaz. Apesar de ser ruim a curto prazo, o tédio tem um papel importantíssimo: ele nos faz abandonar os brinquedos da infância e começar a procurar novas atividades.
Nessa fase surge também o gosto por correr riscos. É aqui, aliás, que as drogas costumam entrar na vida dos jovens: como elas ativam diretamente o sistema de recompensa, oferecem o prazer instantâneo que o cérebro tanto procura. O problema é que se o sistema, ainda em formação, continuar a se desenvolver com elas, será muito difícil largar o vício.
A seguir, entre 12 e 15 anos, o córtex pré-frontal passa a exercer com crescente autonomia suas funções adultas: permitir o raciocínio abstrato, aguçar a memória e a concentração e controlar os impulsos — por exemplo, fazendo o adolescente segurar o ímpeto de xingar a mãe ou cometer outra besteira impulsiva.
Somente no final da adolescência é que amadurecem as regiões do córtex que permitem um comportamento sensato e responsável, graças à capacidade de raciocínio consequente e de utilização das emoções na hora de tomar decisões. São as regiões do córtex órbito-frontal, responsáveis inclusive pelo arrependimento e sua antecipação. Só então o adolescente passa a considerar sozinho as consequências dos próprios atos ANTES de agir. É nessa época também, no final da adolescência, que o chamado Circuito Social do cérebro amadurece e permite que o adolescente se torne uma pessoa sociável, empática, solidária, capaz de se colocar no lugar dos outros e usar essa informação na hora de agir.
O autoconhecimento que a neurociência hoje traz para o adolescente pode ajudá-lo a conhecer e aceitar seus limites. É importante saber que é normal — e desejável — precisar de estímulos novos, e procurá-los na literatura, no cinema, na música, no esporte, nas amizades; que usar drogas na adolescência é uma péssima ideia porque o sistema sobre o qual elas agem está em uma fase crítica de sua formação; que a impulsividade é natural e passageira, e que ainda NÃO somos capazes de encontrar sozinhos todos os fatores, ou ao menos os mais importantes, para pesar na hora de tomar decisões — porque as partes necessárias do cérebro ainda não estão prontas.
E é importante saber que, mesmo assim, é preciso que o adolescente tome suas próprias decisões, porque é só assim que se aprende — e os pais e outros adultos confiáveis são ótimos consultores nessas horas, porque seu cérebro já aprendeu a enxergar todas as consequências possíveis dos seus atos. A adolescência é uma fase de aprendizado intenso, em que — ainda bem — o jovem tem direito a vários erros no caminho.

HERCULANO-HOUZEL, Suzana. O cérebro em nova transformação. Superinteressante, 23 maio 2015. Disponível em: <http://super.abril.com.br/comportamento/o-cerebro-em-novatransformacao>.

1. De acordo com a escritora, qual é o ponto de vista mais divulgado acerca do que acontece na adolescência? Essa perspectiva alinha-se com as descobertas científicas sobre esse estágio da vida?

2. O tédio é a característica que predomina na fase da adolescência. Qual seria a principal função dessa característica, de acordo com o texto?

3. Qual é a sua opinião sobre a sensação do tédio apresentada? Você concorda com ela?

4. Faça uma síntese ou resumo sobre as alterações pelas quais passa o cérebro do adolescente. Siga os tópicos abaixo:

  • O início da transformação.
  • As modificações no sistema de recompensa.
  • Autonomia do córtex pré-frontal.
  • Amadurecimento total do córtex.
5. De acordo com o texto, o que essas descobertas podem trazer para o adolescente?

6. Roda de conversa. Discuta com seus colegas de classe as questões propostas abaixo e depois faça o registro escrito das suas conclusões. 
a) Você já passou ou ainda está passando por essa fase do tédio, conforme explicado no texto?
b) O que desperta sua atenção e o leva a se interessar por alguma atividade?
c) Você concorda ou não com algumas das ideias apresentadas, especialmente as que procuram explicar as transformações da adolescência? Explique.
d) Você acha “um tédio” conversar sobre essas questões? Por quê?

7. Reescreva as partes destacadas de cada frase, substituindo-as por palavras ou expressões que tenham o mesmo significado.

a) Se você ainda pensa que a adolescência é aquela fase indesejável da vida em que o comportamento desanda porque o cérebro, pronto após as modificações da infância, é inundado por hormônios, pense de novo. 

b) Tudo começa com alterações no hipotálamo, que disparam o estirão de crescimento [...] 

c) É aqui, aliás, que as drogas costumam entrar na vida dos jovens [...]

8. Podemos dizer que o texto lido apresenta informações de caráter científico. Por quê? Justifique sua resposta  com base em elementos do próprio texto.

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