31 de julho de 2016

Análise crítica de charge sobre Educação

Leia a charge a seguir e observe a imagem.



a) Esse texto é uma charge e o conteúdo se relaciona a um fato que ocorre na época atual ou recente. Neste caso, focaliza a educação de hoje. Qual é a opinião do chargista sobre esse assunto? 

b) Como o chargista conseguiu apresentar sua crítica de forma criativa? 

c) O que provocou a dupla interpretação da pergunta da professora, produzindo o efeito humorístico do texto? 

LEIA TAMBÉM:
GABARITO

a) Ele critica a situação do ensino público brasileiro que, como diz a frase do quadro, apresenta problemas graves, entre eles, a falta de investimentos. 

b) A charge mostra uma professora, em sala de aula, interrogando seus alunos sobre uma possível mudança numa frase escrita na lousa, em decorrência da reforma ortográfica. No conteúdo da frase, está a crítica do chargista, que a relaciona ao ambiente precário da sala. 

c) O objetivo da pergunta da professora era saber se os alunos haviam notado a ausência do trema na palavra frequente, em razão de o sinal ter sido abolido após a reforma ortográfica da língua. Ao responder, porém, o aluno se baseia no conteúdo da frase, associando-o às péssimas condições da sala de aula. 

Voz passiva analítica em tirinha

Leia a tira a seguir.

Clique na imagem para ampliar

> Encontre na tira uma frase com um verbo na voz passiva analítica.

GABARITO



30 de julho de 2016

Interpretação do poema "Adormecida" de Castro Alves


Atividade pronta para download gratuito


MAIS ATIVIDADES para baixar e salvar GRÁTIS


Adormecida 
A visão de uma jovem que dorme é a inspiração para este poema de amor. 

Uma noite eu me lembro... Ela dormia 
Numa rede encostada molemente... 
Quase aberto o roupão... solto o cabelo 
E o pé descalço do tapete rente. 

'Stava aberta a janela. um cheiro agreste 
Exalavam as silvas da campina... 
E ao longe, num pedaço do horizonte, 
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados, 
Indiscretos entravam pela sala, 
E de leve oscilando ao tom das auras, 
Iam na face trêmulos - beijá-la.

Era um quadro celeste!... A cada afago 
Mesmo em sonhos a moça estremecia... 
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...

Dir-se-ia que naquele doce instante 
Brincavam duas cândidas crianças... 
A brisa, que agitava as folhas verdes, 
Fazia-lhe ondear as negras tranças! 

E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio, 
P'ra não zangá-la... sacudia alegre 
Uma chuva de pétalas no seio... 

Eu, fitando esta cena, repetia 
Naquela noite lânguida e sentida: 
" Ó flor! - tu és a virgem das campinas! 
"Virgem! - tu és a flor de minha vida!... " 

ALVES, Castro. Espumas flutuantes. In: Obra completa. Organização de Eugênio Gomes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1886. p.124 -125. (Fragmento).

29 de julho de 2016

Atividade sobre substantivo para 7ºano com interpretação e produção de texto

No início do século passado, alguns poetas e escritores criaram e foram influenciados por um movimento na Arte conhecido como cubismo. Na literatura, uma das ideias defendidas por esse movimento era romper com a forma de construir os textos. Para tanto, um dos recursos usados foi a produção de textos nos quais só se usavam substantivos, soltos. Veja o trecho de um texto influenciado por essa forma cubista de criar. 



Circuito fechado 

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos [...], telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis [...]. Bandeja, xícara pequena. [...] Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete [...], cadeiras, esboços de anúncios, fotos [...], bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis [...], quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. [...] Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel [...], telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta [...], papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal [...], papel e caneta. Carro. [...] Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. [...] Poltrona, livro. [...] Televisor, poltrona. [...] Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama [...], espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. 

RAMOS, Ricardo. In: JOZEF, Bella (sel). Melhores contos de Ricardo Ramos
São Paulo: Global, 200l. p. 59-60. (Fragmento). 

28 de julho de 2016

Questão sobre crase FGV


(FGV-SP) Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, de acordo com a norma culta, as frases: 

Entretanto a estabilidade não deve levar ***. 
A expansão do segundo trimestre foi de 4,9%, maior que ***. 
A economia brasileira conseguiu crescer a uma taxa próxima ***. 
Na verdade, aspiramos ***. 

a) a uma estagnação / à do mesmo período de 2006 / à da economia mundial / a estabilidade da moeda 
b) à uma estagnação / a do mesmo período de 2006 / a da economia mundial / pela estabilidade da moeda 
c) a uma estagnação / a do mesmo período de 2006 / à da economia mundial / à estabilidade da moeda 
d) a uma estagnação / à do mesmo período de 2006 / a da economia mundial / estabilidade da moeda 
e) a uma estagnação / a do mesmo período de 2006 / a da economia mundial/na estabilidade da moeda 


Gabarito:

27 de julho de 2016

Exercícios sobre figuras de linguagem


LEIA TAMBÉM:
Figuras de linguagem - exercícios - vestibulares
Tipos de figuras de linguagem com exemplos
Figura de linguagem (gradação) - questão de vestibular
Análise Tirinha Garfield - Oximoro (Paradoxo)
Questões sobre figuras de linguagem
Tirinha Hagar com figura de linguagem
Questão sobre antítese (Fuvest)
Antítese, paradoxo e antífrase - tirinha Mafalda
Exemplo de catacrese em tirinha
Questão de vestibular sobre paradoxo
Figuras de linguagem em tirinhas
Análise de tirinha - figura de linguagem: ironia
Figuras de linguagem: exercício com gabarito - vestibulares e concursos
Textos com metáforas - exercícios com respostas
Figuras de linguagem - questões com gabarito para estudar


EXERCÍCIOS COM GABARITO NO FINAL

1. No texto a seguir, há o uso de uma figura de linguagem. Leia-o: 

Oração ao tempo 
És um senhor tão bonito 
Quanto a cara do meu filho 
Tempo Tempo Tempo Tempo
Vou te fazer um pedido 
Tempo Tempo Tempo Tempo 

VELOSO, Caetano. Oração ao tempo
a) Qual a figura de linguagem presente no texto? 
b) Que ideia é realçada pelo uso dos termos "senhor" e "filho" no corpo do texto?

2. Leia o anúncio publicitário a seguir: 

Clique na imagem para ampliar

a) Qual é a figura de linguagem presente no cartaz? 
b) Qual o efeito de sentido que o uso dessa figura cria no texto? 

3. Leia o texto: 

Abrigo nuclear 
Agora você pode ficar livre disso! 
Pense no futuro 
O mundo pode acabar 
Não viva inseguro 
Com medo da hora H 
Pois afinal chegou 
O primeiro 
Abrigo Nuclear 

Venha conhecer 
O primeiro condomínio 
Com abrigo nuclear 
Da América Latina 
Venha morar com comodidade 
Total segurança 
A prova de roubo, fogo e radiação 
Seu dinheiro aplicado 
Mesmo depois do fim do mundo 

Não se preocupe
Se vai dar prá comprar

Você tem a sua vida inteira 
Para pagar 

É pronta entrega 
Até o ano 2000 
Sauna, play ground, piscina com sol artificial 
Todas as comodidades que você tem agora 
Você terá no nosso edifício 
Um recanto de sossego prá você e sua família 
E deixe o mundo queimar à vontade lá fora 
[...] 

LUIZ, Osvaldo. Abrigo nuclear.

Análise tirinha oração subordinada substantiva

Leia a tira a seguir, de Fernando Gonsales, e responda à questão.

Clique na imagem para ampliar
No primeiro quadrinho da tira, na fala da atendente, há uma oração subordinada substantiva. Identifique-a e classifique-a. 


Gabarito

Que só funcionamos no horário comercial
Oração subordinada substantiva objetiva direta

** Objetiva direta > exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal.

26 de julho de 2016

Leitura e interpretação de crônica Walcyr Carrasco (Meu cachorro)

Meu cachorro 
Walcyr Carrasco 


Meu cachorro está doente. É um husky e tem 14 anos. Dizem os conhecedores da raça que 12 anos é o tempo normal de vida. Mas sempre tive esperança de que fosse muito além. A mãe viveu até os 17. Seu nome é Uno. Não é muito comum, mas tem um motivo. Meu irmão e minha cunhada, há oitos anos, resolveram montar um canil em Campinas. Só de huskies. Compraram macho e fêmea de uma linhagem gloriosa. O avô, importado do Canadá, foi até capa de revista especializada. Registraram o canil. Alimentaram o casal, deram vacinas e prepararam-se para fazer fortuna. Logo uma ninhada estaria a caminho. Meu irmão fez as contas. Na época, o husky era muito valorizado. Com um certo número de cãezinhos, teria um bom lucro! 
- Serão dez, onze? - sonhava minha cunhada Bia. 
Nasceu um. Sim, um somente! Ganhou o nome de Uno, e me foi dado de presente. A grana ficou na imaginação. 
Uno me acompanha desde então, em várias fases da minha vida. Até no desemprego! Cheguei a escrever crônicas para uma revista canina usando seu nome e sua foto. Também um livro infantojuvenil, Mordidas que podem ser beijos, em que é o protagonista. Muita coisa inventei. Mas não sua mania de fugir de casa. Quando morei numa chácara na Granja Viana, Uno escalava o alambrado com a agilidade de um gato. Assim são os huskies, um tanto felinos. Disparava até o lago e fugia com um pato entre os dentes. Eu que me visse às voltas com a direção do condomínio - donos são para quebrar o galho, devem pensar os cachorros. Escondia-se na reserva florestal e só voltava ao entardecer, com o estômago cheio! 
Um terror, o meu cachorro! Duas vezes, bravamente, capturou ouriços. Dezenas de espinhos penetraram seu pelo. Entraram em sua boca. Eu nunca vira um espinho de ouriço. É duro, pontudo! Impressionante. Fiquei a seu lado enquanto o veterinário arrancava um por um. 
Mudei para a cidade. Meu cachorro envelheceu e passa longas horas deitado a meu lado vendo televisão. Deve achar um absurdo tantos tiros, beijos, lágrimas e juras de amor. Gosta de, simplesmente, ficar do meu lado. Ao olhá-lo, tenho uma sensação de conforto. Às vezes se levanta, bota a cabeça nas minhas pernas e eu coço suas orelhas. Sua boca se estica. Tenho a impressão de que é um sorriso. 
Há algum tempo começou a ficar doente. Ainda parece saudável. Seu pelo castanho brilha. Mas surge uma coisa aqui, outra ali. Toma remédio para o coração. Laxantes. Chega a uivar baixinho - huskies não latem. 
É a terceira vez que o envio ao veterinário em duas semanas. Agora, nem conseguia ficar em pé, de tão frágil. Sinto angústia só de pensar em sua imensa solidão, longe do tapete onde costuma dormir, sendo picado, mal comendo e, principalmente, sem alguém que lhe acaricie o pelo. A doença deve ser um mistério para ele mesmo. 
O amor de um cão é incondicional. Vejo mendigos na rua acompanhados de cachorros esquálidos que não os abandonam e até os protegem nas noites escuras. Vejo crianças a quem o cão ajuda a conhecer o afeto. Eu sei que meu cachorro está partindo. Se não for agora será daqui a semanas ou meses, pois uma coisa vira outra, e outra. Ou ele não conseguirá resistir ou chegará a um ponto em que terei de dar um nó no coração e abreviar seu sofrimento. Eu tenho de resistir e fazer o melhor. Coçar sua barriga e falar palavras docemente. E, se puder, quando chegar a hora, colocá-lo em meu colo e dizer quanto o amo. 
Quando me sentei diante do computador, queria escrever linhas engraçadas, repletas de bom humor. Foi impossível. Meu sentimento falou mais alto. Quem já amou um cão entende minha dor. 

Revista Veja São Paulo. São Paulo, 15 ser. 2006.

Palavras parônimas - exercícios com respostas


Algumas palavras parônimas - diferentes no sentido, mas semelhantes na grafia e na pronúncia - podem nos deixar em dúvida na hora de escrever. 
Copie as frases a seguir, usando a palavra adequada. Se necessário, consulte um dicionário.

a) Há propostas de (descriminação / discriminação) das drogas. 
b) Meus amigos já foram vítimas de (descriminação / discriminação) religiosa. 
c) Ela recebeu (despensa / dispensa) do trabalho porque doou sangue. 
d) Guardamos tudo na (despensa / dispensa)
e) O prazo foi (delatado / dilatado) para que pudéssemos concluir o trabalho. 
f) O bandido foi (delatado / dilatado) por um comparsa. 
g) A festa estava cheia de (peões / piões)
h) Antigamente os meninos rodavam (peão / pião) na mão. 
i) O rapaz (arreou / arriou) os cavalos para que pudéssemos montar. 
j) Às seis horas ele (arreou / arriou) a bandeira que havia sido hasteada a meio pau. 


GABARITO

a) Descriminação
b) Discriminação
c) Dispensa
d) Despensa
e) Dilatado
f) Delatado
g) Peões
h) Pião
i) Arreou
j) Arriou


25 de julho de 2016

Questões de português Enem e vestibulares

1. (Enem) 
Saúde, no modelo atual de qualidade de vida, é o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, trabalho, transporte, lazer, serviços médicos e acesso à atividade física regular. Quanto ao acesso à atividade física, um dos elementos essenciais é a aptidão física, entendida como a capacidade de a pessoa utilizar seu corpo - incluindo músculos, esqueleto, coração, enfim, todas as partes -, de forma eficiente em suas atividades cotidianas; logo, quando se avalia a saúde de uma pessoa, a aptidão física deve ser levada em conta. A partir desse contexto, considera-se que uma pessoa tem boa aptidão física quando 

a) apresenta uma postura regular. 
b) pode se exercitar por períodos curtos de tempo. 
c) pode desenvolver as atividades físicas do dia a dia, independentemente de sua idade. 
d) pode executar suas atividades do dia a dia com vigor, atenção e uma fadiga de moderada a intensa. 
e) pode exercer atividades físicas no final do dia, mas suas reservas de energia são insuficientes para atividades intelectuais. 

Análise tirinha Mafalda | Silepse ou concordância ideológica (exercício)


No português, pode ocorrer um caso de concordância, chamado silepse ou concordância ideológica, em que o termo flexionado concorda com a ideia do contexto geral da frase e não segue critérios gramaticais.

A silepse é uma figura de linguagem que se inclui entre as chamadas figuras de construção de sintaxe, que se definem como aquelas pelas quais a construção da oração sofre modificações, distanciando-se do padrão gramatical. 


Na tira, em "mais da metade da população mundial somos crianças", Felipe não usou o verbo na terceira pessoa do singular de modo a fazê-lo concordar com o sujeito da oração. Em vez disso, usou o verbo na primeira pessoa do plural "nós", evidenciando a intenção de incluir-se no grupo constituído por crianças. 


Esse caso de concordância ideológica é também chamado silepse de pessoa, já que a primeira pessoa "somos" foi usada em lugar da terceira pessoa "são". 

Veja agora outros casos de silepse. 


Nesse caso, a forma verbal" desistem" (terceira pessoa do plural) não está concordando com o sujeito "o brasileiro" (terceira pessoa do singular), mas com a ideia implícita de plural que o substantivo" povo" carrega. Trata-se de silepse de número

Veja esta outra ocorrência:


Ao empregar o adjetivo" simpático", o falante está levando em conta o fato de a pessoa a quem se dirige ser um homem em lugar de fazer a concordância com o pronome de tratamento. Esse é um caso de silepse de gênero

Não é necessário ater-se à nomenclatura. O importante é interpretar os efeitos de sentido que a silepse pode criar em um texto.

EXERCÍCIO

O texto a seguir foi escrito pelo psicanalista brasileiro Renato Mezan. Leia-o para responder ao que se pede. 

Os brasileiros costumamos nos deslumbrar com algumas características da vida na Europa que contrastam agudamente com o nosso cotidiano: civilidade, limpeza das ruas, eficiência nos serviços públicos, organização em geral. [...] Sem masoquismos desnecessários, não vejo mal em reconhecer que determinadas condições são melhores lá do que aqui, mas também é verdade que "doce" e "educado" nem sempre rimam com "europeu". 
Ou alguém ignora que o velho continente foi palco de inúmeras guerras, perseguições religiosas e políticas, discriminações, fogueiras, torturas e crueldades? E os conquistadores que de lá partiram se mostraram tudo, menos doces para com os índios, africanos e asiáticos com os quais as navegações (e depois o colonialismo) os puseram em contato.

24 de julho de 2016

Atividade de interpretação de crônica sobre adolescência

Leia um trecho de uma crônica de Antônio Prata e responda às questões de 1 a 5.




Cruzamento

[...] Meu carro corta com esforço a geleia modorrenta em que o ar se transformou nesse verão. Um casal de adolescentes começa a atravessar a rua, de mãos dadas, à minha frente. Fora da faixa. Eles dão uma olhada para o meu carro, de leve, calculando. A garota faz menção de apressar o passo, o garoto a dissuade com um olhar de esguelha e, talvez, um sutil aperto na mão. Eles seguem seu ritmo, lento, rumo à outra calçada.
[...]
Percebo então que quem atravessou a rua à minha frente não foi um casal de adolescentes, foi a adolescência. E quem freou o carro não fui eu, mas a idade adulta. Pois é assim que a adolescência lida com o mundo. Não capitula, arrisca, peita. "Imagina se eu mudo meu ritmo, o mundo que se acostume a ele!", e porque os adolescentes têm um anjo protetor dos mais poderosos ou, pelo menos, uma sorte do tamanho de um bonde, acontece de chegarem, quase sempre, sãos e salvos do outro lado da rua.
Já a idade adulta pondera, põe o pé no freio quando convém, faz concessões, dirige afinada com a sinfonia dos outros, dentro dessa outra geleia modorrenta cujo nome, hoje, soa tão adolescente: sistema. E por isso me irrito, porque ali, naquela rua, diminuindo meu ritmo, me percebo velho, adequado, apascentado. Eles vão no ritmo deles, a realidade que se vire, e é assim, distraídos, que mudam o mundo.

(Meio intelectual, meio de esquerda. São Paulo: Editora 34, 2010. p. 107.)

23 de julho de 2016

Interpretação de tirinha Laerte (9ºano)

Leia esta tira, de Laerte:


O humor da tira está no fato de que: 

a) o pai se preocupa em dialogar com o filho, mas ele ainda é criança. 
b) uma palavra pode ter significados diferentes, de acordo com o contexto e com a faixa etária do locutor.
c) para o filhote, a vida sempre recomeça. 
d) o pai se sente despreparado para lidar com a geração atual. 

GABARITO
Alternativa b.

DESCRITORES
Interpretar texto com o auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, fotos, etc.); identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados; reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.

22 de julho de 2016

Exercícios sobre Quincas Borba


** Gabarito no final **

Quincas Borba, famoso personagem de Machado de Assis, volta à cena dez anos depois, em outro importante romance do Realismo que leva o seu nome. Quincas Borba, segundo romance da trilogia realista, também foi publicado sob a forma de folhetim na revista A Estação. 
> Mas quem foi Quincas Borba? Quais seriam as características dessa personagem? 
Leia um trecho do Capítulo VI, no qual Quincas faz uma síntese de sua "filosofia de vida" - o Humanitismo - a outra personagem: Rubião, seu discípulo. 

Quincas Borba 
Machado de Assis 

Capítulo VI 

- Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. e a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. 

(MACHADO DE ASSIS. Quincas Borba. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.)

21 de julho de 2016

Questão do Enem sobre linguagem

(Enem 2010 - adaptado) 
Leia o texto e registre a alternativa correta.


Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à natureza que a dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol, ou seja, 200 núcleos destroçados da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes. 

(CARTA CAPITAL. São Paulo: Confiança, 28 abr. 2010. Coluna Pênalti.)

Análise de tirinha sobre pronome demonstrativo e relativo

Interpretação de texto - tirinha Mafalda - meio ambiente

Leia a tira a seguir para responder às questões de 1 a 3. 


1. Para fazer referência a um rato específico, o cão recorre, nos dois primeiros quadrinhos, a um pronome. Transcreva-o.
>  Por que esse pronome foi usado pelo cão? 

2. Ao longo do diálogo, as falas do gato indicam que ele não é capaz de identificar os referentes pressupostos nas falas do cão. Como isso é representado para os leitores? 
>  Um termo é recorrente nas falas do gato. Qual é esse termo e que função ele desempenha?

Leitura e Interpretação de crônica "No aeroporto" Carlos Drummond de Andrade

No aeroporto

Leia também:
Interpretação com gabarito (Maneira de amar - Drummond)

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente.
É o seu sistema. 
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação. 
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de acha-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância. 
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos. 
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade - e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo. 
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio. 

DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Cadeira de balanço. In: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 1107-1108.

Interpretação de tirinha: sentido denotativo|conotativo

Leia esta tira, de Caco Galhardo:


a) No contexto, a declaração "virei uma pedra de gelo", feita pela personagem feminina, tem sentido denotativo ou conotativo? Por quê?  
b) A linguagem visual da tira dá à expressão pedra de gelo sentido denotativo ou conotativo? 
c) Pelo comentário do homem no 3º quadrinho, é possível concluir que Lili encontrou um interlocutor que a ajudará a se curar dos sentimentos feridos? Por quê? 

Gabarito

a) Tem sentido conotativo, pois diz respeito aos sentimentos da personagem e significa que ela se tornou insensível ou indiferente às pessoas.
b) Dá sentido denotativo, pois mostra a personagem transformada "realmente" em uma pedra de gelo.
c) Não, pois ele reage com ironia ao desabafo dela.

Interpretação de texto - tirinha Mafalda - meio ambiente

20 de julho de 2016

Exercícios sobre crase


LEIA TAMBÉM:
Exercícios sobre CRASE com gabarito - concursos e vestibulares (para praticar)

1. Identifique por que a crase foi sinalizada em cada uma das situações a seguir. 

a) Seguiram as pistas do criminoso praticamente às escuras. 
b) Brindamos à sua saúde. 
c) A carta se referia àquilo que discutimos. 
d) No próximo quarteirão, vire à esquerda. 
e) Tire suas dúvidas à medida que elas forem surgindo. 
f) Marcaram de se encontrar às 18h30. 

2. Indique em quais das orações abaixo não seria obrigatório sinalizar a crase, segundo a convenção ortográfica. Justifique sua resposta. 

a) Da teoria à prática há uma grande distância. 
b) Raquel fez uma saída à francesa. 
c) A medida foi aprovada às pressas pelo Senado. 
d) Receita Federal recomenda consulta à certidão negativa. 
e) Ministério da Justiça inicia combate à pirataria.

19 de julho de 2016

Exercícios sobre Realismo e Naturalismo


Leia também:
Interpretação DOM CASMURRO - com gabarito
Exercícios com gabarito sobre as obras de Machado de Assis
Esaú e Jacó - Machado de Assis - Interpretação com gabarito
Interpretação do romance O cortiço

** Gabarito no final **

1.  (Ufac) Do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, podemos considerar que: 

a) é marcada pela projeção subjetivista e otimista do narrador.
b) revela aspectos semânticos da narrativa ufanista da geração de 45, do século XX.
c) a linguagem é entremeada de cinismo e de desencanto diante da existência.
d) é vazada de aspectos conceptistas.
e) indica aspectos estilísticos predominantemente da narrativa modernista. 

(Unesp) INSTRUÇÃO: As questões 2 e 3 tomam por base trechos de duas obras de Machado de Assis (1839-1908).

— Mas, enfim, que pretendes fazer agora? perguntou-me Quincas Borba, indo pôr a xícara vazia no parapeito de uma das janelas.
— Não sei; vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens.
Estou envergonhado, aborrecido. Tantos sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada.
— Nada! interrompeu-me Quincas Borba com um gesto de indignação. Para distrair-me, convidou-me a sair; saímos para os lados do Engenho Velho. Íamos a pé, filosofando as coisas. Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra daquele grande homem era o cordial da sabedoria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a tribuna, cumpria-me abrir um jornal. Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia, uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e "desmancha toda esta igrejinha".
— Magnífica ideia! Vou fundar um jornal, vou escachá- los, vou ...
— Lutar. Podes escachá-los ou não; o essencial é que lutes. Vida é luta. Vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal.
Daí a pouco demos com uma briga de cães; fato que aos olhos de um homem vulgar não teria valor. Quincas Borba fez-me parar e observar os cães. Eram dois. Notou que ao pé deles estava um osso, motivo da guerra, e não deixou de chamar a minha atenção para a circunstância de que o osso não tinha carne. Um simples osso nu. Os cães mordiam-se, rosnavam, com o furor nos olhos ...
Quincas Borba meteu a bengala debaixo do braço, e parecia em êxtase. 

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas.

Este Quincas Borba, se acaso me fizeste o favor de ler as Memórias póstumas de Brás Cubas, é aquele mesmo náufrago da existência que ali aparece, mendigo, herdeiro inopinado, e inventor de uma filosofia [Humanitas]. Aqui o tens agora em Barbacena. Logo que chegou, enamorou-se de uma viúva, senhora de condição mediana e parcos meios de vida, mas, tão acanhada, que os suspiros do namorado ficavam sem eco. Chamava-se Maria da Piedade.
Um irmão dela, que é o presente Rubião, fez todo o possível para casá-los. Piedade resistiu, um pleuris a levou.
Foi esse trechozinho de romance que ligou os dois homens. (...)
Rubião achou um rival no coração de Quincas Borba 
— um cão, um bonito cão, meio tamanho, pelo cor de chumbo, malhado de preto. Quincas Borba levava-o para toda parte, dormiam no mesmo quarto. De manhã, era o cão que acordava o senhor, trepando ao leito, onde trocavam as primeiras saudações. Uma das extravagâncias do dono foi dar-lhe o seu próprio nome; mas, explicava-o por dois motivos, um doutrinário, outro particular.
— Desde que Humanitas, segundo a minha doutrina, é o princípio da vida e reside em toda a parte, existe também no cão, e este pode assim receber um nome de gente, seja cristão ou muçulmano ...
— Bem, mas por que não lhe deu antes o nome de Bernardo? disse Rubião com o pensamento em um rival político da localidade.
— Esse agora é o motivo particular. Se eu morrer antes, como presumo, sobreviverei no nome do meu bom cachorro. Riste, não?
Rubião fez um gesto negativo.
— Pois devias rir, meu querido. Porque a imortalidade é o meu lote ou o meu dote, ou como melhor nome haja.
Viverei perpetuamente no meu grande livro. Os que, porém, não souberem ler, chamarão Quincas Borba ao cachorro, e ...
O cão, ouvindo o nome, correu à cama. Quincas Borba, comovido, olhou para Quincas Borba. 

ASSIS, Machado de. Quincas Borba. 

14 de julho de 2016

Atividade sobre consumismo com interpretação de cartum e quadrinhos

COMPRO, LOGO EXISTO! 
Aquela garota quer ganhar no aniversário um tablet de última geração... O rapaz se sente infeliz por não ter o modelo mais caro de smartphone... Outro menino comprou o mais moderno notebook, mas, em menos de um ano, já começa a reclamar aos pais, alegando que sua máquina ficou defasada. Afinal, aonde o consumo nos leva? 

Leia, abaixo, os quadrinhos de Caco Galhardo e o cartum de Andy Singer. 


13 de julho de 2016

Exercícios sobre complemento nominal para 8ºano

Interpretação de texto - tirinha Mafalda - meio ambiente

1. Leia esta tira.


a) Qual é o complemento nominal presente nessa tira?
b) Que palavra ele complementa? Indique sua classe morfológica. 

Interpretação de texto "A Vila Rica dos Poetas"


Em 1780, um século após a descoberta das minas, Vila Rica já havia muito deixara de ser um acampamento mineiro embarrado e sem atrativos. Situada no sopé do grandioso penedo do Itacolomi, no sul de Minas, a cidade se constituía de uma teia de ruas pavimentadas percorrendo ladeiras íngremes, ladeadas por graciosas construções de dois pisos, muitas das quais possuíam terraços ajardinados e floridos. No topo das colinas, ou em frente a praças amplas e arejadas, havia inúmeras igrejas barrocas, com altares reluzindo em ouro e paredes repletas de ornamentações suntuosas. Não era uma cidade: era uma obra de arte urbana. Vila Rica, disse um poeta, era "a pérola preciosa do Brasil". 
Mas a riqueza da cidade  seu ouro preto, seus diamantes reluzentes, suas minas opulentas era também a fonte de suas desgraças. Submetida a uma sangria feroz, que se manifestava na forma de impostos de entrada e de saída (qualquer produto levado às minas era duramente taxado; cada grama de ouro que saía pagava um tributo oneroso), Vila Rica via sua fortuna se esvair. Levado para além-mar, o ouro de Minas permitiu a D. João V reinar numa luxuosa ostentação a ponto de se tornar conhecido como o Roi-Soleil português. O mais perturbador é que o "fulvo metal" nem sequer servia para enriquecer a Metrópole: era apenas o ouro "que Portugal distribuía liberalmente pela Europa", como observou o viajante inglês Henry Fielding. Nada mais natural, portanto, que a jovem sociedade mineira — tão diferenciada da elite rural e latifundiária do Nordeste — alimentasse um profundo estado de indignação e revolta. E essa revolta não duraria muito para eclodir. 
Pelo menos algumas vantagens Vila Rica conseguia auferir de sua opulência. Além de constituir uma sociedade essencialmente urbana, possuía uma estrutura bem mais complexa do que aquela que se reduzia a senhores e escravos. Havia uma "classe média": comerciantes, mercadores, ourives, artistas e, é claro, poetas. Outra possibilidade aberta pelo ouro foi a chance concedida a alguns filhos da elite local de realizarem seus estudos na Europa. De fato, muitos herdeiros de mineradores bem-sucedidos foram enviados para a Universidade de Coimbra, em Portugal. Lá, vários deles tomaram contato com ideias liberais e republicanas, acompanhando o furor provocado pela independência dos Estados Unidos. Um desses estudantes, José da Maia e Barbalho, chegou a entrar em contato com Thomas Jefferson, então embaixador dos EUA na França, sondando-o sobre um possível apoio norte-americano à independência do Brasil. 

BUENO, Eduardo. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2003, p. 126. 

12 de julho de 2016

Atividade de comparação entre textos (7ºano)

Leia os dois textos abaixo e responda às questões 1 e 2. 

Ali Babá e os 40 ladrões 

[...] 
Do alto podia ver tudo sem ser visto. Então chegaram àquele lugar quarenta homens muito fortes e bem armados, com caras de poucos amigos. Ali Babá concluiu que eram quarenta ladrões. 
Os homens desapearam dos cavalos e puseram no chão sacos pesados que continham ouro e prata. O mais forte dos ladrões, que era o chefe, aproximou-se da rocha e disse: 
 Abre-te, Sésamo! 
Assim que essas palavras foram pronunciadas, abriu-se uma porta na caverna. Todos passaram por ela, e a porta se fechou novamente. Depois de muito tempo, a passagem voltou a se abrir, e por ela saíram os quarenta ladrões. Quando todos estavam fora, o chefe disse: 
 Fecha-te, Sésamo! 
Os bandidos colocaram os sacos em suas montarias e voltaram pelo mesmo caminho pelo qual tinham vindo. Ali os seguiu com os olhos até desaparecerem. Quando se viu em segurança, desceu da árvore, dirigiu-se à rocha e disse: 
— Abre-te, Sésamo! 
A porta se abriu e Ali Babá ficou sem palavras diante do que os seus olhos viram: uma grande caverna, cheia dos tecidos mais finos, tapetes belíssimos, e uma enorme quantidade de moedas de ouro e prata dentro de sacos. [...]

(Disponível em: http://www.valdiraguilera.net/as-1001-noites-03.html. Acesso em: 15/3/2014.) 

Colocação pronominal em tirinha


Leia a tira.


a) No 1º e no 2º quadrinhos da tira, o pronome oblíquo átono me foi empregado em locuções verbais. A colocação dos pronomes está de acordo com a fala brasileira. Ela está de acordo também com a norma-padrão? Justifique sua resposta.

b) De acordo com a norma-padrão, que outras possibilidades haveria para a colocação dos pronomes oblíquos?

GABARITO

a) No 1º quadrinho sim, pois a conjunção se está distante do pronome me e, por isso, não tem poder de atração. No 2º quadrinho, não, pois o advérbio jamais atrai o pronome oblíquo; assim, de acordo com a norma-padrão, a colocação adequada é a próclise. 

b) No 1º quadrinho, "o quanto você me iria atormentar" e "o quanto você iria atormentar-me". No 2º quadrinho, apenas: "jamais me teria separado".

Para + EXERCÍCIOS, clique aqui.

10 de julho de 2016

Interpretação de texto argumentativo - conjunções subordinativas


VEJA TAMBÉM:

Leia este texto argumentativo que apresenta algumas opiniões de uma psicóloga sobre a criação de filhos. 

Assim não dá! 

Não vale a pena ignorar certas atitudes infantis em nome da paz doméstica. "Desde cedo, a criança precisa ter clareza do que é socialmente aceitável", afirma a psicóloga Graziela Z. Chehaibar, de São Paulo. Se ela fala palavrão, proíba e explique que magoa as pessoas e é falta de educação. Se interrompe a conversa dos adultos, peça que aguarde. Isso a fará perceber que não é o centro de tudo. Caso finja que não escuta o que você diz, pare o que estiver fazendo e vá até ela. Mostre que ignorar os outros é um desrespeito. 

Cláudia, São Paulo, p. 116, ago. 2009.

a) Qual é a crítica sugerida pela psicóloga ao escolher esse título para o texto? 
b) O que reforça essa ideia e está explicitado nas opiniões da psicóloga? 
c) No desenvolvimento, ela expõe os possíveis problemas de formação que a criança pode ter e orienta em cada caso. 
> Que elemento de coesão, representado por conjunções com o mesmo sentido, introduz os períodos em uma sequência? 
d) Explique por que a autora empregou essa conjunção nesses períodos. 



GABARITO

a) Pessoal. Sugestão: Percebe-se que talvez haja uma tendência no fato de os pais de hoje serem complacentes ou muito cordatos ao deixar os filhos agirem como desejam. 

b) Pessoal. Sugestão: Seu argumento mais contundente é o de que os pais devem corrigir os maus hábitos e a falta de educação dos filhos quando ainda pequenos; e não devem evitar esses confrontos, pois a falta deles, na verdade, garante uma falsa tranquilidade. 

c) As conjunções subordinativas se e caso, que expressam condição. 

d) As condições que a autora expõe quanto às atitudes das crianças nas orações subordinadas podem ser resolvidas em suas respectivas orações principais.

VEJA TAMBÉM:

9 de julho de 2016

Tirinha Recruta Zero | período composto por subordinação

Leia a tira de Greg & Mort Walker.


a) Em que quadrinho há um período composto por subordinação? Qual é a oração principal? 
b) Que sentido apresenta a primeira oração desse período em relação à segunda? 

LEIA TAMBÉM:
Tirinha Calvin - Período simples e composto - Exercício
Exercício sobre período composto - Tirinha Nicolau
Exercícios de revisão sobre período composto por subordinação

GABARITO

a) No segundo quadrinho. Oração principal: "Menos eu consumo!"
b) Expressa proporcionalidade.

PARA MAIS EXERCÍCIOS, VISITE:
www.portuguescompartilhado.com.br

8 de julho de 2016

Leitura e Interpretação de crônica: Restos do Carnaval (Clarice Lispector)

Restos do Carnaval
Clarice Lispector


Participe do grupo fechado para professores com sugestões de atividades (aqui)!


**Gabarito no final**

Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu. 
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé da escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz. 
E as máscaras? Eu tinha medo mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim. 
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma das minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça — eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável — e pintava minha boca de batom bem forte, passando ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice. 
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira. 
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga — talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel — resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara do material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma. 
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas — à ideia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha — mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quanto ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola. Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve de ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem.
Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa. 
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto, essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge —minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa — mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil —  fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava. 
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. 
Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria. 
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns doze anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos, de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de oito anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa. 

LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 25-28