1. Poeta é alguém que não é "alegre nem triste", que canta "porque o instante existe" e cuja vida "está completa".
> "instante", no poema, não está relacionado apenas a tempo, mas a circunstâncias especiais que o poeta muitas vezes é capaz de captar e que registra em seus poemas.
2. A conjunção explica qual é o motivo de o eu lírico cantar: as experiências singulares vividas a cada instante.
> O verso pode ser interpretado como uma segunda explicação para o canto: "eu canto porque minha vida está completa". Também pode ser lido como a consequência de o "instante" existir: a vida do eu lírico fica completa (porque o instante existe, minha vida está completa).
3. Como é irmão das coisas fugidias, o eu lírico não sente gozo nem tormento, ou seja, como aceita o fato de tudo ser efêmero, o começar e o terminar das coisas não o abalam.
> Os dois termos revelam que o poeta é aquele que canta o momento presente, vivido em sua plenitude. Por isso, ele se define como irmão do que é efêmero.
4. Todos os verbos estão no presente do indicativo (canto, existe, sou, sinto, atravesso, etc.).
> O uso do presente enfatiza a ideia do "instante" que determina o canto do presente, do instante. Por meio dos verbos, o eu lírico evidencia sua relação com o momento, que motiva o seu canto.
5. Desmorono / edifico; permaneço / me desfaço; se fico / passo. Podemos dizer que as antíteses representam as dúvidas ou as incertezas do eu lírico, ou ainda o que ele não consegue ou não quer definir sobre si mesmo.
> A certeza de seu canto e de que "a canção é tudo". O eu lírico também sabe que um dia estará mudo. Podemos dizer que ele se define a partir de seu fazer poético: sugere que a única coisa que importa na sua existência é a criação poética.